De virtual rebaixado à reação e objetivos alcançados. A saga do Guarani na Série B 2022

A Série B terminou no último domingo (06) com um grande alívio e até tom de festa para o Guarani e sua Torcida. A vitória sobre a Chapecoense por 1×0 encerrou uma temporada de muita tensão, muitos erros de avaliação e que ficará marcada como uma reviravolta digna de roteiros cinematográficos pelos lados do Brinco de Ouro da Princesa.
A competição começa sob comando de Daniel Paulista, técnico que vinha amparado por um quase acesso no ano anterior e um campeonato Paulista oscilante onde a equipe se livra dos riscos de rebaixamento apenas na penúltima rodada da primeira fase vencendo a Ferroviária no Brinco por 2×1, acaba se classificando às quartas de final e termina sendo eliminado pelo Corinthians nas penalidades. Suficiente? Para o Guarani parecia que sim.
Mas nas primeiras cinco rodadas em que comandou a equipe no Brasileiro o treinador não se manteve, colecionou apenas uma vitória, 2 empates e 2 derrotas, sendo desligado com o clube na 15ª colocação com apenas 5 pontos ganhos em 15 disputados, apenas 3 gols marcados e 5 gols sofridos.
Aí começa o festival de erros cometidos pelo Bugre no início da competição. O erro não foi demitir o treinador e sim a letargia do então comandante do futebol, o ex-goleiro Michel Alves, que demora exatos 13 dias para anunciar um novo técnico para a equipe. Neste período o time foi comandado pelo auxiliar fixo Ben Hur Moreira, foram 3 empates seguidos (dérbi 0x0, Tombense 1×1 e Vasco 0x0) que levaram o Bugre à 18ª colocação na Série B.
O festival de erros não parou por ai, quando finalmente o Guarani anunciou um novo treinador, apostou em Marcelo Chamusca, técnico de passado de sucesso pelo Bugre quando conquistou o acesso para a Série B em 2016, mas que em todos os seus trabalhos recentes acumulou passagens ruins pelas equipes que comandou. O Bugre perdeu um tempo precioso quando Chamusca, em seis partidas, acumulou uma vitória, 2 empates e 3 derrotas até ser demitido ao final da derrota para o Londrina por 3×1 fora de casa.
E por vias tortas a demissão de Chamusca trouxe também o desligamento do executivo de futebol Michel Alves, o Guarani pagou um preço muito caro para enfim chegar ao seu maior acerto, a mudança de rumo e de mentalidade no comando do Departamento de Futebol.
Depois de mais uma partida comandado pelo interino Ben Hur Moreira e uma derrota em casa para o Ituano por 2×0 que ficou muito barata para o Bugre, chegaram Rodrigo Pastana, novo executivo de futebol e Mozart Santos, o nome escolhido para assumir o time Bugrino.
A “Era Mozart”
Mozart assume o comando da equipe na 16ª rodada, ocupando a 19ª colocação e com um empate por 1×1 com o CRB em Maceió-AL, conseguiu uma boa impressão nos dois primeiros jogos com um empate fora de casa e uma vitória em casa sobre o Cruzeiro por 1×0, mas a nova derrota em casa para o Bahia por 2×0 mostrou que havia muito trabalho pela frente.
A partir da sua segunda partida pôde contar com os jogadores contratados na segunda janela de transferências, os primeiros a entrarem em campo foram Jamerson, lateral fundamental para a reação da equipe com suas 7 assistências, e Isaque, que se não foi brilhante, foi um grande coadjuvante com seus 3 gols marcados.
Principal nome da reação Bugrina, o atacante Yuri estreou apenas no dia 05 de agosto ao entrar no lugar de Yago aos 12 minutos do segundo tempo do confronto contra o Grêmio, no Brinco. Ele se tornaria o artilheiro do Bugre na Série B marcando 7gols, 3 deles em assistências de Jamerson.
Alem de Jamerson, Isaque e Yuri, o Bugre trouxe outros 7 atletas, o goleiro João Lopes, o lateral esquerdo Mayk, o zagueiro/volante Ivan Alvariño, o volante Richard Rios e os atacantes Jenison, Bruno Miranda e Edson Carioca. Outro destaque positivo foi Richard Rios.
Nos cinco jogos seguintes a vitória mais uma vez não veio, empates seguidos contra Chapecoense e Brusque (0x0 e 1×1), derrotas para Sport e Grêmio (2×1 e 1×2) e um novo empate com o Criciúma por 0x0 com um gosto amargo pelo gol de Madison mal anulado pela arbitragem com o auxílio do VAR, e assim, sob forte tensão foram as oito primeiras rodadas sob seu comando, somando apenas 7 dos 24 pontos que disputou, um baixo aproveitamento de 29,16% dos pontos.
A reação do Bugre começou na 24ª rodada num jogo extremamente emblemático. No Brinco de Ouro se enfrentaram Guarani (penúltimo) e Náutico (último), e ao final da partida o gol de Jenison, seu único marcado pela equipe, deu alívio à Torcida e a vitória à equipe, insuficiente para que o time deixasse o Z4, mas capaz de mostrar que era possível reagir,levando o Bugre à 17ª colocação,primeira na zona do rebaixamento.
A partir daí a equipe cresceu, mas não sem antes passar por mais uma grande decepção que foi a derrota no dérbi 204 fora de casa por 1×0 logo na rodada seguinte. Com a forte pressão por resultados e o time novamente na penúltima colocação da tabela de classificação, o Bugre embalou.
Nos 13 últimos jogos colecionou 9 vitórias, 1 empate e 3 derrotas, somando 28 pontos em 39 possíveis, um aproveitamento incrível de 71,79%, capaz de livrar o time da zona do rebaixamento na 30ª rodada após vencer o Operário em Ponta Grossa-PR, não permitir que a equipe retornasse mais ao Z4 e chegasse, ao final da campanha, na 10ª colocação.
Em números, o calvário Bugrino na Série B 2022
O Guarani esteve fora da zona de rebaixamento apenas por 11 rodadas ao longo da competição, na 4ª e na 6ª rodada, e depois na reta final, quando saiu ao vencer o Operário fora de casa por 1×0 na 30ª rodada, se mantendo fora o Z4 nas 9 rodadas finais da competição.
Foram 27 jogos com a faca no pescoço, as rodadas 1, 2, 3 e 5, e uma série que parecia interminável de 23 jogos consecutivos entre a 7ª e a 29ª rodada da Série B.
Depois de passar por tudo isso, o encerramento da Série B 2022 e a 10ª colocação ao final da competição devem ser comemorados pelo Torcedor Bugrino como um verdadeiro acesso, pois rebaixado o Guarani já estava, e nesta “mini Série C” a equipe conseguiu, com méritos, atingir o objetivo da primeira página na classificação e garantiu-se na disputa da Copa do Brasil na temporada 2023. Não, não é pouca coisa, sim, é um objetivo pequeno, mas que foi alcançado.
Marcos Ortiz