Na vitória ou na Derrota – Um Verdadeiro Carrossel de Emoções, o sobe e desce Bugrino – 07/08

Se a parte 6 desta série foi a mais criteriosa, sem dúvidas este sétimo capítulo fará você viver um verdadeiro carrossel de emoções. E já no início peço desculpas, gostaria muito, mas enquanto escrevia, ao chegar à 14ª página, decidi que preciso de mais um capítulo, o oitavo da Série “Na vitória ou na Derrota”, isso porque estes quatro primeiros anos da volta de Leonel Martins de Oliveira exigem uma atenção muito especial a todos os seus detalhes. São momentos de extrema felicidade, misturados a frustrações e fracassos extremos na mesma proporção. Desculpem, terão que me aguentar mais um pouquinho.

Vamos por partes… e reencontramos o Guarani sendo administrado por Leonel Martins de Oliveira novamente após 19 anos desde a saída de seu grupo em 1987, e a posse para o mandato tampão que começaria em 05 de junho de 2006 e terminaria em dezembro de 2007. Ao lado de Leonel foram eleitos José Carlos Meloni Sícoli como Vice Presidente Administrativo e Carlos Francisco Correia como Vice Financeiro, mas em seu primeiro gesto Leonel teve que contrariar o Estatuto Social do Clube, isso porque com o pedido irrevogável de renúncia apresentado por Carlos Correia, o Presidente Bugrino convocou uma Assembleia Geral de Associados para pedir autorização (e conseguir) para eleger José Vitorino dos Santos, o Zézo, como vice presidente. Por que isso foi preciso? Porque Zézo havia acabado de se tornar sócio do Clube novamente e não tinha um ano de exigência mínima estatutária para se candidatar a cargos eletivos.

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Tempos difíceis sim, mas sem dúvidas muito melhores que outros que ainda virão. Leonel assume o Clube disputando a Série B do Brasileiro, que já havia começado e no início do ano seguinte teria pela frente o desafio de disputar pela primeira vez em sua história uma Série A2 de Campeonato Paulista.

Dentro de campo surge o primeiro erro da nova gestão. O Guarani vinha em uma campanha boa comandado por Waguinho Dias e com um time recheado de jogadores das categorias de base até pouco tempo comandadas pelo próprio Waguinho, mas num lapso temporal incrível a nova diretoria decidiu anunciar um novo treinador. Chegava ao clube, ou melhor, voltava, Carlos Gainete Filho, técnico que 20 anos antes havia comandado o Guarani na campanha do vice brasileiro de 1986, mas que também havia parado por ali, sem jamais conseguir repetir uma boa campanha na sequência de sua carreira. Dúvidas, protestos e sinal de um clima temeroso no Brinco pelos meses seguintes.

A estreia de Gainete aconteceu em uma noite melancólica, mas de bom resultado dentro de campo. O Guarani enfrentaria o Gama-DF em partida válida pela 11ª rodada, já que a competição ficou paralisada durante o período de disputa da Copa do Mundo da Alemanha. Nos bastidores, o time teve que pedir para o adversário jogar de verde. Motivo: o estoque de camisas verdes fornecidos pela Finta havia se esgotado. Só restavam as camisas brancas, e assim o time entrou em campo com Fernando, Parral, Rogério, Felipe e Ademar; André Conceição, Umberto, Juliano e Deyvid; Edmílson e Marcelo Peabiru. Técnico: Carlos Gainete Filho.

Final de jogo e com gols do zagueiro Felipe, do meia Deyvid e do atacante Edmilson o Bugre vencia o Gama por 3×1 e terminava esta rodada na 5ª colocação. Será que a volta ao passado havia dado certo? Não, não foi o que se viu dali em diante, e o Bugre, além dos problemas dentro de campo, se viu punido pela FIFA por conta de uma transferência mal sucedida envolvendo o ex lateral esquerdo Gilson para um clube da Turquia.

A transferência de fato nunca ocorreu. Segundo noticiado na época, Gilson nunca aceitou a negociação e permaneceu atuando pelo Guarani, mas o clube da Turquia entrou com um processo no tribunal arbitral da FIFA na Suíça pois havia creditado ao Guarani o valor referente às passagens e primeiras despesas do jogador para sua mudança de país. O valor de 8 mil dólares jamais foi devolvido e o processo correu com várias e várias notificações sendo feitas pela FIFA à CBF, exigindo que o Guarani fizesse o ressarcimento das despesas devidamente corrigidas, todas elas ignoradas pela diretoria comandada por José Luís Lourencetti.

Resultado: Julgado culpado e sem sequer ter se defendido, o Guarani teve, por ordem da FIFA, três pontos descontados em sua classificação na competição, e isso custaria muito caro ao Clube ao final da Série B de 2006. A situação era irreversível, segundo parecer do Departamento Jurídico do Clube, e mesmo tendo imediatamente pago o valor cobrado, o Guarani é, até os dias atuais, o único clube do futebol mundial a ter pontos descontados por ordem da FIFA sem ter descumprido um item sequer do regulamento da competição que disputava. Por falta de dinheiro, sequer houve recurso. Nem para se alegar que os regulamentos da CBF não previam essa possibilidade de perda de pontos por ordem da FIFA.

Com essa perda, restava ao Guarani recuperar o prejuízo dentro de campo, mas o time comandado por Gainete não conseguia resultados. Nas oito partidas em que comandou a equipe ele colecionou apenas duas vitórias (3×1 sobre o Gama e 2×1 sobre o Ceará), três empates e três derrotas, sendo a última delas o estopim para sua demissão: uma goleada humilhante em Recife para o Sport por 8×1. Com esta série de resultados, o Guarani, somados (ou melhor, descontados) os 03 pontos perdidos para a FIFA, despencou da quinta colocação para o 16º lugar. Na partida contra o Sport a equipe foi a campo com Fernando, Mariano, Danilo Silva, Felipe e Daniel (Parral); André Conceição, Kadu, Deyvid e Danilo (Juliano); Edmílson e Alex Afonso (Tuta).

Com fortes protestos da Torcida, a solução encontrada por Leonel foi buscar Barbieri, ex-jogador, ex-comandante das categorias de base e também ex-treinador da equipe. Mais uma vez o começo foi promissor. Logo na sua estreia a equipe consegue uma importante vitória por 2×1 sobre o Vila Nova-GO, jogando no Brinco, e encerrou o primeiro turno da Série B, que naquele ano passava a ser disputada em pontos corridos. A escalação Bugrina nesta partida teve Deola, Tuta, Felipe e Kadu (Juliano); Parral, Umberto, Kell (Éder), Deyvid e Ademar; Edmílson e Alex Afonso.

Mas Barbieri também não teria vida longa no comando da equipe. Seriam apenas nove partidas, acumulando mais três vitórias (2×0 no Vila Nova, 1×0 sobre o Coritiba e 3×1 sobre o São Raimundo), um empate e cinco derrotas, sendo a última delas uma goleada sofrida em casa para o Marília por 4×1, num sábado à tarde em que o goleiro bugrino Fernando foi um dos personagens negativos da partida. Após este resultado, Barbieri, que assumiu o comando da equipe na 16ª colocação pediu demissão, deixando a equipe na 17ª posição, já na zona do rebaixamento. O time neste jogo contra o Marília foi a campo com Fernando, Danilo Silva, Felipe (Odair) e Eloy; Mariano, Márcio Martins (Léo Macaé), Kell, Deyvid e Ademar; Edmílson e Alex Afonso (Éder).

Faltando 12 jogos para o fim da Série B, o Bugre mais uma vez se via sem treinador e teria que buscar uma solução rápida. A decisão foi corrigir um erro, e o escolhido foi Waguinho Dias, o técnico dispensado quando da posse da nova diretoria. Waguinho voltava ao Clube com uma difícil missão, recuperar um time psicologicamente abatido e mal formado, com contratações que absolutamente não trouxeram resultado e com dispensas de jogadores que fizeram muita falta no decorrer da competição. O maior exemplo desse elenco mal formado foi a contratação do atacante Marcelo Peaberú, talvez o nome mais contestado de todos.

Logo na sua estreia um duelo dificílimo, o Bugre teria pela frente o Atlético Mineiro, no estádio Mineirão. Resultado: mais uma derrota, mais uma goleada por 4×1, e poderia ser pior se não fosse a grande atuação do goleiro Bugrino Deola. As coisas estavam ficando complicadas, e o Bugre caia para a 18ª colocação.

Nas mãos de Waguinho Dias o time conseguiu ao menos se manter regular, mas perderia ainda duas outras partidas (1×0 para o Santo André e 2×1 para o América de Natal em casa, de virada). O problema foi a série de empates. O Bugre nas rodadas finais colecionou cinco empates até chegar à penúltima rodada, tendo conseguido apenas uma vitória (3×1 sobre a Portuguesa). Chegou à 38 rodada ocupando a 20ª e última colocação, mas ainda com chances de escapar do rebaixamento, e a Torcida voltou a ter esperanças quando o Bugre, na penúltima rodada, venceu o Sport no Brinco por 2×0, saltando uma posição e dependendo de uma vitória, além de uma série de combinações de resultados, para deixar o grupo dos 4 piores da competição.

Não deu, a vitória veio e por goleada, o Bugre venceu o Vila Nova-GO fora de casa por 5×1, mas dois dos resultados necessários não aconteceram e o Guarani voltou a Campinas rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro de 2007, na 18ª colocação. Assim finalmente terminou o ano de 2006 para o Bugre, um dos piores de toda sua história, acumulando dois rebaixamentos, um no Paulista, outro no Brasileiro da Série B.

Em meio a muitos protestos da Torcida, mas ainda amparado por uma quota reduzida, mas muito bem vinda, do Clube dos 13, o Bugre teria uma temporada atípica em 2007, mas que poderia significar o início da sua volta por cima, se confirmasse seu favoritismo e vencesse as duas competições que teria pela frente: a Série A2 e a Série C. A diretoria apostou na continuidade de Waguinho Dias e o Bugre foi para campo acreditando que subiria.

Mais sofrimento. O início da Série A2 foi assustador, nas cinco primeiras rodadas, nenhuma vitória. Foram duas derrotas (3×1 para a Portuguesa e 1×0 para o Oeste em pleno Brinco) e três empates, deixando a equipe à beira da zona do rebaixamento, na 15ª colocação. Apenas na sexta rodada veio a primeira vitória: uma goleada sobre o Palmeiras B por 4×1, e na rodada seguinte outra vitória, agora sobre o Nacional por 2×0, resultados que levaram o Bugre a um salto de sete posições, deixando a equipe em oitavo lugar, entre os clubes que se classificariam para a segunda fase. O time que venceu o Nacional teve Buzzetto, Márcio Rocha, Cleiton Mineiro e Lino; Lucas, Macaé, Gustavo (Rone Dias), Lê (Fernandinho) e Rogério; Deyvid e Anderson (Tozin).

Mas a reação foi interrompida por uma derrota para a Portuguesa Santista fora de casa por 1×0, e a equipe perderia posições importantes, terminando a sétima rodada na 12ª colocação.

Naquele mesmo momento vinha a estreia na Copa do Brasil, e com uma derrota em Goiânia por 2×1 e um empate em casa por 0x0 o Bugre foi eliminado pelo Atlético-GO, ainda na primeira fase da competição.

Voltando a falar do Campeonato Paulista, um empate com o Taubaté por 0x0 e um novo empate com o Mogi Mirim por 1×1, no Brinco de Ouro, encerraram a passagem de Waguinho Dias no comando da equipe. O Bugre neste jogo foi a campo com Buzzetto, Lucas, Márcio Rocha, Lino e Adílio; Macaé, Vítor Rossini, Gustavo (Roberto) e Deyvid; Éder (Danilo Silva) e Anderson (Robson), e com este resultado terminaria a 10ª rodada na 13ª colocação, algo impensável para aquele que era apontado como o grande time da Série A2, ao lado da Portuguesa, e que, antes do campeonato começar, era apontado com o dono de uma das quatro vagas no acesso.

Torcida apreensiva, expectativa criada e a solução veio com mais um treinador que tinha grande história e passado no Clube. Quem assumiu o comando do Bugre foi José Luiz Carbone, vice-campeão Paulista em 1988 e que chegou a liderar o Campeonato Brasileiro com o Guarani em temporadas anteriores. Carbone chegou com um discurso animador, mas de paciência, era jogo a jogo, dizia o “professor”.  E na sua estreia, uma paulada: o Bugre foi a São José do Rio Preto enfrentar o Rio Preto, equipe que fazia boa campanha até então. Tendo pouco tempo para trabalhar, a decisão foi por manter a base do time que vinha sendo comandado por Waguinho Dias, e com esta escalação Buzzetto, Márcio Rocha, Lino e Danilo Silva; Lucas, Macaé, Vítor Rossini, Gustavo (Dimas) e Adílio (Rogério); Deyvid e Robson (Anderson), sairia de campo com mais uma vexatória goleada em sua história, 5×1 para o Rio preto de Luciano Dias, com a partida tendo sido encerrada aos 28 minutos da segunda etapa graças às fortes chuvas que caíram no local da partida. O caminho parecia apontar para outro rebaixamento. O Bugre terminava a 11ª rodada na 16ª colocação, e era apenas o primeiro time fora da zona do rebaixamento.

Mas o jogo virou. Sem contar com grandes contratações, a solução encontrada por Carbone foi promover vários garotos das categorias de base e mudar radicalmente a formação. Ele, que já havia levado Danilo Silva, Vitor Rossini, Dimas, Adílio e Anderson, depois de conversar com Cidinho, então treinador do Sub-20, mandou convocar já para a próxima partida alguns atletas que haviam ficado em Campinas como o zagueiro Xandão e o atacante Talles, de apenas 16 anos. Além deles, o meia Lê que havia sido cortado também foi relacionado e o Bugre iria a campo em Mirassol com a seguinte formação: Buzzetto, Xandão, Lino e Danilo Silva; Robinho (Vítor Rossini), Macaé, Umberto, Dimas e Rogério; Lê (Deyvid) e Talles (Robson). Eram seis pratas da casa entre o time que iniciou a partida e os que entraram no decorrer do segundo tempo, e deu certo. O Bugre só não venceu o jogo porque o volante Macaé perdeu um pênalti, mas mesmo com o placar de 0x0 e um ponto na bagagem, a equipe caia para a 17ª posição, entrando na zona do rebaixamento.

A Torcida entrou em desespero, mas Carbone, ao final desta partida, daria uma entrevista que seria emblemática. Uma verdadeira “coisa de maluco”. Ao final do jogo o treinador declarou com todas as letras: ”Nós vamos nos classificar e vamos conseguir o acesso!”. E não é que aconteceu?

Com os garotos da base e outros jogadores experientes em campo, o Bugre conseguiu uma série de invencibilidade incrível, contando com o empate com o Mirassol foram oito jogos invictos na primeira fase, com seis vitórias, sendo quatro seguidas – em negrito – (2×0 no União São João, 3×0 no Botafogo, 2×1 no Comercial, 1×0 no Osvaldo Cruz, 2×0 na Inter de Limeira e 5×2 no Atlético Sorocaba) , e apenas dois empates. Resultado, ao golear o Atlético Sorocaba, diante de uma verdadeira invasão de Bugrinos àquela cidade, o Bugre encerrou a primeira fase na quarta colocação, classificando-se par ao quadrangular decisivo que daria o acesso a duas das quatro equipes.

Na chave do Bugre, porém, duas pedreiras pela frente. Além do Guarani, disputariam o Grupo A a Portuguesa e o São José, juntamente com o Bandeirante de Birigui, e depois desta arrancada sensacional, as coisas não seriam assim tão tranquilas na fase final. O Bugre manteve sua série de invencibilidade chegando aos 11 jogos sem perder, mas iniciou o quadrangular conhecendo três empates, um 2×2 na estreia contra o São José fora de casa, um 0x0 debaixo de muita chuva no Brinco com o Bandeirante e um segundo empate seguido em casa, um 1×1 contra a Portuguesa, e encerrava o primeiro turno do quadrangular apenas na terceira colocação, sem nenhuma vitória. Para piorar, a série de invencibilidade seria interrompida logo na primeira rodada do returno quando o Bugre perderia no Canindé para a Portuguesa, caindo para o último lugar no seu grupo. Parecia que o acesso seria apenas um sonho, pois restavam duas rodadas, uma imediatamente fora de casa contra o Bandeirante e um último confronto em casa contra o São José. Detalhe, se o Bugre perdesse uma dessas duas partidas não conseguiria mais seu acesso.

A Batalha de Birigui

E lá fomos nós, literalmente, porque eu era um dos cerca de 40 Bugrinos presentes ao estádio em Birigui naquela quarta-feira à noite, diante de um público anunciado de apenas 2.246 pagantes, mas que ao simples passar de olhos percebia-se, eram cerca de 10 mil torcedores no acanhado estádio Pedro Marin Berbel. O jogo? Um carrossel de emoções sem fim. Era preciso, além de torcer muito em Birigui, ficar de ouvido atento ao resultado de São José x Portuguesa, no Vale do Paraíba, e lá o jogo também pegava fogo. Em Birigui o Bugre teve bola na trave que andou em ciam da linha e saiu do outro lado, teve chance de marcar e de sofrer o gol, e finalmente teve uma penalidade a seu favor, mas Gustavo acabou cobrando mal e o goleiro Ricardo defendeu. Para piorar a situação, no contra-ataque dessa jogada, o árbitro marcou uma penalidade para o Bandeirante. Isso tudo em pouco mais de cinco minutos de jogo. Para festa Bugrina, o grande Buzzetto caiu para o canto direito e defendeu a cobrança de Júlio Madureira, mas o sufoco não acabava ali. O jogo era lá e cá, o Bugre buscava a vitória, e no outro jogo, mesmo com um jogador a menos a Portuguesa conseguia segurar um empate por 2×2 com o São José. Resultados que se mantidos deixariam o Bugre ainda com chances de conquistar o acesso. E no último minuto, aos 48 do segundo tempo, após uma cobrança de escanteio o rebote cai com o atacante do Bandeirante que solta uma bomba, sem marcação e sem nenhuma chance de defesa para Buzzetto, mas, como profetizou Carbone, o Bugre brigaria pelo acesso, e a bola, desviada por todos os Bugrinos vivos ou que nos deixaram, explodiu no travessão com o jogo acabando com o placar em 0x0. O Bugre esteve em campo com Buzzetto, Xandão, Lino e Márcio Rocha (Cunha); Robinho (Éder), Macaé, Lucas, Gustavo e Adílio; Lê e Talles (Deyvid).

Primeira, primeira, time de primeira!

Ufa, depois daquele sufoco em Birigui, chegamos ao domingo, 29 de abril de 2007 (sim, é coincidência, disputamos o acesso no “Medina-Day”) ainda na quarta colocação, precisando, claro, vencer o São José no Brinco. Mas também torcer para que a Portuguesa, com o acesso já garantido e já classificada para a final da Série A2, não perdesse para o Bandeirante no Canindé. Só com essa combinação o Bugre subiria.

E não é que Carbone estava certo? Ao final da partida o Bugre venceu o São José por 2×0 no Brinco, e lá no Canindé a Portuguesa venceu o Bandeirante por 1×0. Festa no Brinco, explosão da Torcida que invadiu o campo para comemorar. O Bugre estava de volta à Série A1 do Campeonato Paulista!

A equipe que entrou em campo e venceu o São José naquele domingo à tarde: Buzzetto, Xandão, Lino e Danilo Silva; Robinho, Macaé, Lucas (Dimas), Gustavo (Vítor Rossini) e Rogério; Lê e Deyvid (Assunção).

Este campeonato ficou registrado por nós, dos sites Planeta Guarani e do então existente Plantão do Bugre, no DVD “A Reconquista da Honra”.

Depois do carrossel de emoções vividos na Série A2, e da conquista do acesso, era preciso ainda subir mais um degrau. O Bugre tinha pela frente a Série C do Brasileiro, um campeonato estranho, de fórmula complicada, dividido em quatro fases, três com grupos formados por quatro equipes, classificando-se sempre as duas primeiras para a fase seguinte, e a última onde se classificariam as oito melhores para decidirem as quatro vagas na Série B em um octogonal final.

A equipe era a mesma, a estreia aconteceu na cidade de Jaguaré-ES contra a equipe de mesmo nome. Com Carbone mantido, o Bugre foi a campo com Buzzetto, Xandão (Hugo), Lino e Danilo Silva; Robinho, Macaé, Dimas (Assunção), Gustavo e Rogério; Lê e Gil (Cris). E não começou bem, perdeu por 2×0.

A classificação para a segunda fase seria novamente dramática, o Bugre foi se recuperando e na rodada seguinte empatou com o América-RJ por 0x0 no Brinco, venceu o Tupi em Juiz de Fora-MG por 1×0, venceu o mesmo Tupi no Brinco por 3×1, perdeu para o América no Rio de Janeiro por 3×2, e chegou à última rodada precisando vencer o mesmo Jaguaré da estreia para chegar à segunda fase da competição. E venceu, mas com requintes de sofrimento: o Bugre abriu o placar com um gol do atacante Cris, aos 12 minutos de jogo, e parecia que seria fácil. Mas aos 36 minutos do segundo tempo Pardal empatou a partida e trouxe um sofrimento que parecia não ter fim, mas que explodiu em alegria aos 44 minutos, quando Talles fez uma bela jogada dentro da grande área e bateu forte para o fundo do gol. Guarani 2×1 Jaguaré, e que venha a segunda fase. O time que entrou em campo nesta partida teve Gisiel, Xandão, Hugo e Danilo Silva; Robinho, Lucas, Gustavo, Raul (Nata) e Rogério (PC); Talles e Cris. Técnico: José Luiz Carbone.

Na segunda fase o grupo era mais complicado, o Bugre teria pela frente um concorrente direto também apontado para conquistar o acesso que era o Vila Nova, mesma equipe rebaixada pelo próprio Guarani no ano anterior ao perder a última partida da Série B por 5×2. Além do Vila, completavam o grupo o CRAC de Catalão, também de Goiás, e o Rio Claro.

As coisas começaram bem, pois o Bugre estreou com uma vitória sobre o Vila Nova no Brinco por 2×1, mas em seguida o time começou a derrapar, e perdeu para o Rio Claro pelo mesmo placar. A recuperação não veio na terceira rodada, quando o time apenas empatou com o CRAC em Catalão por 0x0, nem na rodada seguinte quando o Bugre recebeu o mesmo CRAC e repetiu o placar no Brinco, mas a vitória veio na penúltima rodada, e o Guarani venceu o Rio Claro no Brinco por 3×1, chegando à liderança do Grupo. Foi então para Goiânia precisando apenas de um empate para conquistar uma das duas vagas na fase seguinte e seguir na sua luta para voltar à Série B.

Mas dentro de campo a equipe sofreria uma derrota duríssima. Depois de jogar praticamente toda a partida armado na retranca, sem sequer passar do meio de campo e tendo em Buzzetto seu principal jogador com defesas seguidas, aos 42 minutos veio o castigo por ter tido tanto medo em campo. Túlio (ele mesmo) que acabara de perder uma chance idêntica em mais uma grande defesa de Buzzetto, recebeu lançamento nas costas da zaga Bugrina e desta vez não errou, deu um tapa no canto esquerdo do goleiro Bugrino e fez o gol da vitória do Vila Nova. Com este resultado e a vitória do CRAC sobre o Rio Claro na última rodada, a equipe de Catalão ficou coma primeira colocação do Grupo 22, o Vila Nova com 09 pontos ficou em segundo e o Bugre com apenas 08 pontos estava eliminado na terceira colocação. A equipe que entrou em campo e não passou do meio de campo contra o Vila Nova-GO teve: Buzzetto, Xandão, Lino e Danilo Silva; Lucas, Macaé (Vítor Rossini), Nata, Gustavo e PC; Marquinho (Raul) (Assunção) e Talles. Técnico: José Luiz Carbone.

Restava ao Bugre muito pouco naquela temporada. A equipe que havia sido “terceirizada” para o treinador Michael Robin avançava na Copa Federação Paulista de Futebol e isto até era importante, pois por ter jogado a Série A2 de 2007, o Guarani poderia até mesmo ficar sem uma vaga na Série C de 2008. Para que isto não acontecesse teria que ser pelo menos vice campeão da Copa Federação (hoje Copa Paulista), o que também não aconteceria, pois a equipe de Michael Robin seria eliminada ainda nas quartas de final, após vencer o Linense no Brinco por 1×0 e perder a partida de volta pelo mesmo placar na cidade de Lins. Por ter melhor campanha, o Linense se classificou para a semifinal, no dia em que uma garrafa acertou a cabeça do treinador Bugrino no exato momento em que o Linense marcava seu gol, e ele acabou sendo hospitalizado.

O fracasso na Série C fez aumentar a pressão contra o Diretor de Futebol do Guarani, cargo ocupado por José Carlos Hernandes, vice campeão brasileiro em 1986 e 1987 e que reassumiu o cargo quando da volta de Leonel Martins de Oliveira. A pressão era grande e apenas uma boa campanha no Paulista da Série A1 de 2008 poderia amenizar a situação.

Para encerrar aquele ano cheio de altos e baixos, o Guarani ainda passaria por um processo eleitoral no mês de dezembro. Leonel Martins de Oliveira, que havia assumido com a missão de concluir o mandato de JLL tendo como vices presidentes José Carlos Sícoli e Carlos Francisco Correia, depois substituído por José Vitorino dos Santos, o Zézo; trabalhando para fechar as torneiras, sanar a situação financeira e administrativa, decide se lançar como candidato à reeleição. Do outro lado, o mesmo grupo que apoiava Edison Torres, sucedido por Maurício Bonzanini e que teria a chapa impugnada no processo eleitoral de 2006, novamente se apresentaria, tendo dessa vez como candidato a presidente o político Cid Ferreira de Souza. O resultado foi uma vitória folgada de Leonel, que garantia ali mais três anos de gestão. Porém, havia um estatuto renovado, obrigando a chapa a compor com, além do presidente, seis vice-presidentes, e foram eleitos ali José Vitorino dos Santos (1º Vice), Jurandir de Assis (Vice Financeiro), Walter Caetano (Vice Administrativo), Álvaro Negrão de Lima (Vice Comercial), Oduvaldo Luiz de Camargo (Vice Patrimonial) e Diamantino Mendes (Vice Social). CLIQUE E VEJA MATÉRIA DA ÉPOCA.

Mas dentro de campo o bom Paulistão 2008 não veio. O Bugre apostou em Roberval Davino, técnico de relativo sucesso no futebol do Norte e Nordeste e com passagens por alguns clubes menores do futebol paulista, e em um elenco modesto, muito pouco para quem sonhava com bons resultados e boa classificação. A equipe que estreou na competição, sendo derrotada pelo Corinthians por 3×0 no Morumbi, debaixo de muita chuva, teve: Bruno Prandi; Max Sandro, Danilo Silva e Jonathas; Maranhão (Fabinho Romão), João Paulo, Bruno Camargo (Dimas), Lucas (Marcinho) e Paulo Santos; Talles e Cris.

Resumo da Ópera: time ruim, campeonato ruim, pressão da Torcida, série de maus resultados e um milagre que salvaria o Bugre do rebaixamento. Foram três derrotas seguidas na competição deixando o Guarani na lanterna do Paulistão após a terceira rodada. Depois a equipe conseguiu um respiro vencendo dois jogos seguidos (3×2 no Barueri e 1×0 sobre o Marília), suficientes para livrar o time da lanterna, mas não da zona do rebaixamento, deixando o Guarani em 17º lugar. Depois disso, mais três partidas pelo Paulistão com uma vitória (1×0 sobre o Rio Claro) e duas derrotas (3×1 para o Guaratinguetá e 3×1 para o Palmeiras), levando o Bugre a uma assustadora 15ª colocação.

A pressão era forte demais e o Bugre teria pela frente a Chapecoense em sua estreia pela Copa do Brasil. Era a chance de garantir algum sucesso no primeiro semestre, mas ao final da partida mais uma derrota: Chapecoense 3×1 Guarani. No jogo de volta, que aconteceria apenas três semanas depois, as equipes ficariam num empate por 0x0 e o Bugre estava eliminado. A derrota por 3×1 em Chapecó foi o estopim. Roberval Davino foi demitido e Leonel Martins de Oliveira anunciou a saída de José Carlos Hernandez, o Diretor de Futebol. Mas a sucessão de erros não acabaria por ali. No seu lugar assumiria João Secco que até então desempenhava a função de Diretor de Futebol Amador, mas logo ao anunciar o novo nome veio o aviso, o Diretor de Futebol não daria entrevistas. Apenas um detalhe, com a saída de João Secco da base quem assumiu o cargo foi Marcelo Mengoni (ou Mingoni, como queiram).

A equipe que perdeu na estreia da Copa do Brasil teve Léo; Xandão, João Renato e Diego; Danilo Silva, João Paulo, Fabinho Romão (Lucas), Valdo (Juliano), Marcinho e Paulo Santos; Fábio Pinto (Talles).

Comandado interinamente por Cidinho, o Guarani ficou no empate por 1×1 no Brinco com o Sertãozinho, treinado por Barbieri. Em seguida, chegaria outro velho conhecido da Torcida: o experiente técnico Jair Picerni, que terminaria o Paulistão à frente do Bugre, mas estrearia com uma derrota por 3×1 para o Santos na Vila Belmiro, levando a equipe para a 18ª colocação, entre os quatro que seriam rebaixados. Na rodada seguinte, nova derrota, Portuguesa 1×0 Guarani, e o Bugre parecia não ter saída, estando fadado a mais um rebaixamento. Após empatar com o São Caetano por 0x0 no Brinco, chegava à 19ª, a penúltima, colocação ao final da 12ª rodada, restando apenas sete jogos para o final do Paulistão.

Na partida seguinte, outra derrota, mas o milagre de 2008 começou a surgir. O Bugre perdeu para o Mirassol por 3×1, em Mirassol, mas aos 19 minutos do 2º tempo entrou em campo o atacante Henrique, jogador que havia vindo das categorias de base do extinto Campinas FC para a base do Bugre, e seria dele o gol Bugrino aos 33 minutos, o primeiro dos sete gols marcados por ele na reta final do Paulistão, suficientes para livrar a equipe da degola. Picerni levou a campo nesta partida a seguinte formação: Gisiel; Maranhão (Robinho), Xandão, Danilo Silva e Alessandro; Roger Bernardo, João Paulo, Bruno Camargo (Fabinho Romão) e Paulo Santos; Cris e Selmir (Henrique).

Na rodada seguinte Henrique começaria a brilhar. O time finalmente venceria o Ituano pelo placar de 2×0 em mais uma noite de muita chuva no Brinco, com Henrique marcando os dois gols. Mas logo em seguida uma derrota dolorida em um derby. Como visitante, o Bugre perderia por 4×2, e Henrique, ao lado de Cris, marcariam os gols Bugrinos. Porém, a 17ª colocação mantinha o medo e a insatisfação da Torcida aumentaria ainda mais após a 16ª rodada e uma nova derrota, agora para o São Paulo no Brinco por 1×0, e com isso o Bugre chegava à 18ª posição na classificação.

Na rodada seguinte, se perdesse o jogo, o Bugre estaria praticamente rebaixado. Mas em Jundiaí, com um gol marcado por Henrique, o Bugre arranca um ponto do Paulista e vai para uma verdadeira final de campeonato, caindo mais uma posição, agora na 19ª colocação.

A decisão era em São Paulo, na Rua Javari contra o Juventus. Mais uma vez o Bugre não podia perder. Desta vez uma derrota matematicamente rebaixaria a equipe e a Torcida Bugrina marcou uma das mais lindas invasões em apoio à sua equipe. Resultado, em um jogo dramático, o Bugre viu o Juventus abrir o placar logo aos 3 minutos e, para piorar, teve o atacante Cris expulso logo aos 27 minutos do primeiro tempo. Mas a estrela de Henrique brilharia, e com dois gols, o primeiro marcado aos 11 minutos e o segundo aos 33 minutos, ambos no segundo tempo, o time virava o placar para uma explosão verde e branca na Mooca. Mas o sofrimento não acabaria. Aos 47 minutos Dedimar marcaria o gol de empate do Juventus, e no último minuto Gisiel faria uma grande defesa evitando o terceiro. Ufa, com a estrela de Henrique e muita superação em campo, o Bugre chegava à última rodada na 17ª posição e tinha um confronto direto contra o Rio Preto, bastando uma vitória para se manter na elite do futebol paulista.

Contando oficialmente com 10.620 pagantes, mas visualmente com mais de 16 mil Bugrinos empurrando a equipe, o Bugre foi a campo com Gisiel; Maranhão, Xandão, Danilo Silva e Alessandro (Robinho); Roger Bernardo, Lucas, Paulo Santos (Fabinho Romão) e Marcinho; Selmir (Andrezinho) e Henrique. E logo aos 3 minutos, com outro gol de Henrique, abriria o placar. Na segunda etapa o lateral-direito Robinho marcaria o segundo gol aos 33 minutos. E com a vitória por 2×0 o Bugre terminava a Série A1 do Paulistão na 16ª colocação, exatamente a primeira equipe fora da zona do rebaixamento.

Se a permanência na elite paulista foi muito comemorada, o segundo semestre do Bugre seria um grande passo para a volta à elite do futebol brasileiro. Com um time totalmente reformulado e apostando na contratação do promissor treinador Luciano Dias, o Bugre chegou para a disputa da Série C na campanha que consagraria o atacante das flechadas, Fernando Gaúcho.

A fórmula era a mesma de 2007, uma cansativa e interminável série de três fases de quatro equipe, classificando as duas primeiras até que chegassem à quarta fase, um octogonal, que daria aos quatro primeiros colocados as quatro vagas na Série B de 2009.

Classificado em segundo lugar no Grupo 14, que tinha também Madureira-RJ, Ituano e Linense, o Bugre avançou à segunda fase. O time que perdeu para o Madureira na última rodada teve Márcio; Maranhão, Augusto, Jonathas (Xandão) e Santos; Walter, Bruno Camargo (Assunção), Everton Severo (Dimas) e Almir; Dairo e Henrique.

Classificado para o Grupo 23, onde enfrentaria Ituiutaba, Ituano e Noroeste, na segunda fase o Bugre terminou na segunda posição e avançou à terceira fase. A equipe que terminou a segunda fase perdendo para o Ituiutaba-MG por 1×0, em Ituiutaba, teve Gisiel; Robinho, Wagner, Walter e Santos; Nunes, Dimas (Vítor Rossini), Lucas (Assunção) e Almir (Bruno Poá); Juari e Henrique.

Classificado para o Grupo 28, o Bugre enfrentaria Marcílio Dias-SC, Ituiutaba-MG e Brasil de Pelotas-RS. Nesta fase, o Guarani terminaria na primeira posição. A equipe que empatou com o Marcílio Dias por 1×1 na última partida desta terceira fase teve: Márcio; Robinho, Xandão (Marcelo), Walter e Bruno Camargo; Dimas, Maicon Sapucaia (Matheus), Mário César e Almir (Assunção); Samir e Henrique.

E no octogonal decisivo o Bugre teria desafios duros pela frente. Seriam disputados 14 jogos (pontos corridos em turno e returno) garantindo o acesso aos quatro primeiros colocados, estando classificados: Brasil de Pelotas-RS, Campinense-PB, Águia de Marabá-PA, Rio Branco-AC, Duque de Caxias-RJ, Confiança-SE e Atlético-GO. A campanha do Guarani no octogonal teve 6 vitórias, 5 derrotas e 3 empates, e após vencer o Águia de Marabá por 2×1 no Brinco de Ouro, diante de um público oficial de 19.742 pagantes, mas visivelmente com cerca de 30 mil torcedores em campo, o Bugre terminou a competição com o vice-campeonato, atrás do Atlético-GO, classificado para a Série B de 2009. Com 17 gols marcados em 21 jogos disputados, Fernando Gaúcho foi o artilheiro Bugrino e peça fundamental no acesso para a Série B de 2009. Que festa fez a Torcida Bugrina ao final daquela partida, e que lambança aprontou a Polícia Militar de Campinas naquela mesma tarde chuvosa. É melhor nem citar, pois levaria talvez mais páginas do que este mais do que longo resumo. O Bugre estava de volta à Série B e na Série A1 Paulista, restando apenas um degrau para voltar às elites estadual e nacional. A escalação daquela partida teve Gisiel; Maranhão, Walter, Jonathas e Roque; Nunes, Gláuber, Mário César e Maicon Sapucaia (Samir); Dairo (Almir) e Fernando Gaúcho. Técnico: Luciano Dias. Abaixo algumas fotos da partida decisiva contra o Águia.

2009 – Segue o carrossel de emoções

Depois do sucesso no Brasileiro da Série C a diretoria Bugrina apostou na manutenção de Luciano Dias para a disputa da Série A1 do Paulistão de 2009. Além disso, e o quanto foi preciso trabalhar para que isso acontecesse, com que orgulho quem estava de volta para jogar pelo Bugre era ninguém menos do que Marcio Amoroso dos Santos, o eterno Amoroso, certamente motivo de alegria para todos os Bugrinos, e que merecia ter sido melhor tratado durante sua última temporada como atleta profissional.
Amoroso ainda buscava sua melhor forma física lutando para ter sua documentação liberada por um clube grego e para poder entrar em campo. Sentia fortes dores nos tornozelos, mas treinava duro para poder estar à disposição de Luciano Dias. A estreia na competição não poderia ser melhor. Apoiado por mais de 4.200 torcedores o Bugre entrou em campo com Douglas; Maranhão, Plínio, Augusto e Itaqui; Rafael Fefo, Gláuber, Mário César (Bruno) e Chiquinho (Claudiney Rincón); Cléverson (Dairo) e Fernando Gaúcho, e venceu a Portuguesa no Brinco por 1×0, gol de Fernando Gaúcho cobrando pênalti. Na rodada seguinte, mais uma vitória. Desta vez fora de casa o Bugre batia o Ituano por 1×0, com um belo gol marcado pelo então meia Bruno e estava entre os líderes da competição.

Mas veio uma sequência de três derrotas (2×0 para o São Paulo, 2×0 para o Barueri e 2×0 para o Botafogo, e a equipe caiu da quarta para a 12ª posição. Isso tudo até chegarmos à sexta rodada, o Derby, que só por isso já merecia toda a empolgação, mas que teve, ao menos para mim, um sabor mais do que especial, porque quem esteve em campo pela última vez como atleta profissional em sua carreira e vestindo o manto sagrado Bugrino foi ele, Amoroso. Esta seria a única atuação de Amoroso em 2009. Ninguém sabia, nem ele mesmo, mas essa partida marcaria a despedida de um dos maiores craques que já vestiram nosso manto sagrado, e que merecia ser mais respeitado pela diretoria e pela comissão técnica. Afinal, já com mais de 35 anos e com grandes problemas nos tornozelos, que precisariam depois de cirurgia, Amoroso não poderia ter sido tratado como apenas mais um atleta do elenco. Merecia tratamento especial, especialmente no ritmo de treinamentos, e atenção do departamento médico.

Em campo, no derby, um empate por 2×2 com direito a um golaço de Fernando Gaúcho e outro golaço marcado por Cleverson, muita chuva, e uma grande festa nas arquibancadas, e o Bugre só não venceu porque Fernando Gaúcho, por infelicidade, marcou um gol contra pouco depois de marcar o gol de empate, o segundo gol do adversário. A escalação da última partida de Amoroso como profissional teve Douglas; Maranhão, Plínio, Danilo e João Paulo; Rafael Fefo, Gláuber (Cléverson), Claudiney Rincón e Bruno; Amoroso (Dairo) e Fernando Gaúcho (Chiquinho). Obrigado, Marcio Amoroso dos Santos, VALEU CRAQUE!

A partir daí Amoroso não conseguiu mais jogar, ora se sentia bem e não era escalado, ora não reunia condições de jogo e o Bugre não soube se equilibrar na competição, com o técnico Luciano Dias permanecendo apenas mais três rodadas no comando da equipe e acumulando uma campanha de 3 vitórias, 4 derrotas e 2 empates. Após a quarta derrota para o Santo André ele foi dispensado, deixando o Bugre na 17ª colocação. Antes porém, o Guarani entrou em campo pela Copa do Brasil e conseguiu eliminar seu adversário na primeira partida da primeira fase ao vencer o J Malucelli em Curitiba por 2×0, com gols de Cleverson e Bruno, avançando para enfrentar o Internacional-RS.

No Paulistão, Cidinho comandou a equipe no empate por 0x0 com o Paulista, que deu duas posições ao Bugre levando a equipe para o 17º lugar, mas a aposta de Leonel Martins de Oliveira foi a chegada de outro técnico gaúcho, e o nome escolhido foi Guilherme Macuclia, que teria uma passagem relâmpago de apenas quatro jogos, com 3 derrotas e apenas um empate. Pronto, o Bugre estava definitivamente enterrado na briga contra o rebaixamento após perder para o Oeste em pleno Brinco por 2×0 e caindo para a 19ª posição, faltando apenas cinco jogos para o fim do Paulista. A equipe que entrou em campo nesta partida teve Douglas; Plínio, Maurício (Felipe Piovesan) e Walter; Maranhão, Claudiney Rincón, Rafael Fefo (Andrezinho), Bruno e João Paulo; Henrique e Fernando Gaúcho (Cléverson).

Decisão da diretoria: efetivar o técnico Cidinho (foto) até o final do Campeonato Paulista. Leonel abriu mão da competição faltando ainda cinco rodadas para o final, com 15 pontos em disputa, sendo ainda possível uma reação. A campanha de Cidinho foi de 1 vitória (2×1 sobre o Mogi Mirim, fora de casa), um empate (0x0 cm o Corinthians, no Brinco) e 3 derrotas (2×0 para o São Caetano, fora, 2×1 para o Mirassol, no Brinco, e 1×0 para o Bragantino, fora) e após este resultado o Guarani terminou o Paulistão na 19ª colocação, sendo rebaixado novamente para a Série A2 do Campeonato Paulista.

A equipe que perdeu para o Bragantino por 1×0 teve Gisiel; Plínio, Cássio (Rafael Fefo) e Walter; Maranhão, Claudiney Rincón, Gláuber, Mário César, Danilo Rios (Chiquinho) e Andrezinho; Fernando Gaúcho (Dairo).

Fora de campo a diretoria havia definido a contratação de Oswaldo Alvarez, o Vadão, que assumiria a equipe apenas depois do fim do Paulistão, e Vadão estreou comandando um time muito desfalcado na segunda fase da Copa do Brasil, no Brinco de Ouro contra o Internacional. Resultado: derrota por 2×1, que levou a decisão da vaga para Porto Alegre, mas não foi comemorada pela comissão técnica que esperava pelo fim da Copa do Brasil para poder começar a montar o elenco que disputaria a Série B do Brasileiro. Na partida de volta o Bugre foi a Porto Alegre e sofreu uma dura goleada de 5×0. O time que entrou em campo nesta partida, a despedida daquele elenco, teve Douglas; Maranhão, Maurício, Walter e Andrezinho; Claudiney Rincón, Gláuber, Chiquinho e Danilo Rios (Rafael Fefo); Dairo (Matheus) e Romário (Mário Lúcio).

Do inferno ao céu

A dupla Vadão/Gersinho assumia o Guarani depois de um rebaixamento e sob o olhar de desconfiança dos torcedores. A pressão nas arquibancadas era tanta que João Secco acabou afastado do cargo, com Leonel assumindo publicamente que o Bugre não teria mais a figura de um diretor de futebol. Realmente não era necessário, pois a partir dali o Bugre seria literalmente comandado por Vadão e Gersinho na montagem do elenco, e a comissão técnica que contava ainda com Walter Grassmman na preparação física e o psicólogo João Serapião teria pleno comando nos destinos do futebol da equipe. Era gente da bola, poderia dar certo, e deu!

Na estreia, um Bugre surpreendente encara o Fortaleza no Ceará e vence de goleada, um placar de 4×2 capaz de empolgar o Torcedor Bugrino à distância. O time que estreou na Série B de 2009 teve Douglas (Léo); Maranhão, Bruno Aguiar, Dão e Andrezinho; Cléber Goiano, Luciano Santos (Nunes), Rodriguinho e Walter Minhoca; Caíque (Fabinho) e Ricardo Xavier. Os gols Bugrinos foram marcados por Caique (2) e Ricardo Xavier aos 47 minutos do primeiro tempo, e Walter Minhoca aos 15 minutos da segunda etapa.

E a sequência inicial foi sensacional, o Bugre de Vadão conseguiu uma série de cinco vitórias consecutivas (além do Fortaleza,1×0 no América-RN, 2×1 sobre o Campinense-PB, 3×2 sobre o Bragantino e 1×0 sobre o Figueirense), até empatar cm o Vasco no Brinco por 0x0 que tirou os 100% de aproveitamento, mas não interrompeu a grande série invicta que duraria até a 11ª rodada. Logo na sétima rodada o Bugre ganhou mais um Derby (1×0, golaço de Caique no primeiro minuto de jogo) e depois venceria o São Caetano (1×0), empataria com o Vila Nova-GO (0x0), venceria o Brasiliense (2×1), empataria com o Duque de Caxias por 1×1 e só seria derrotado pelo Paraná no Brinco pela 12ª rodada por 2×1. Mas, mesmo com essa derrota, o Bugre mantinha-se na liderança da competição, firme rumo ao acesso!

No caminho, um momento de tropeços. O Bugre, que havia vencido pela última vez na 10ª rodada sobre Brasiliense, passou seis jogos sem vencer. Depois da derrota para o Paraná vieram o empate com o ABC-RN por 1×1, a derrota para a Portuguesa por 4×3 (um jogo cheio de emoções, com o Bugre chegando a vencer por 3×1 e cedendo a virada), derrota para o Atlético-GO por 3×1, derrota para o Ipatinga-MG por 1×0, até que na 17ª rodada a vitória voltou a sorrir com o placar de 2×1 sobre o Ceará, no Brinco. Mas essa série de resultados ruins custaram ao Bugre a primeira colocação e após vencer o Ceará o time chegou à terceira posição na classificação. A equipe que venceu o Ceará teve Douglas; Maranhão, Bruno Aguiar, Márcio Alemão e Andrezinho (Eduardo); Cléber Goiano (Fabinho), Gláuber, Luciano Santos e Walter Minhoca; Caíque (Nunes) e Ricardo Xavier.

A competição era difícil sim, mas a caminhada do Bugre foi tranquila. A competência de Vadão, a felicidade dele e seu auxiliar Gersinho na contratação de jogadores e o excelente trabalho motivacional comandado por Serapião e Grassmann garantiram o Bugre entre os quatro primeiros colocados durante todas as 38 rodadas da Série B. No segundo turno, além da caravana que levou cerca de dois mil Bugrinos ao Maracanã na partida contra o Vasco, com derrota por 1×0, logo em seguida a Torcida teve ainda mais certeza do acesso, pois a vitória imponente no Derby por 2×1 mostrava que era apenas uma questão de tempo, a Série A estava logo ali! CLIQUE AQUI PARA VER O VÍDEO DA PARTIDA.

A alegria da Torcida era tanta que reunidos, Bugrinos planejaram e confeccionaram uma enorme bandeira que cobria todo o tobogã do Brinco de Ouro da Princesa, e deram a ela o nome de “A Capa do Gigante”. Muito trabalho e competência dentro de campo acabou coroado na combinação de resultados da penúltima rodada quando o Bugre, depois de ter sido roubado em Fortaleza diante do Ceará e apenas empatado por 3×2 com um gol legítimo de Léo Mineiro, anulado pela arbitragem, adiou a matemática para a 37 rodada, quando mesmo perdendo em campo para o Bahia por 2×0 o Bugre garantiu matematicamente o acesso para a Série A de 2010 e a Torcida Bugrina que estrearia “A Capa do Gigante” no jogo seguinte, o último da Série B contra o Juventude, proporcionou um espetáculo até hoje não visto em nossa cidade com mais de três mil torcedores indo até o Aeroporto Internacional de Viracopos receber seus heróis do acesso, e de lá seguiram em carreata até o Brinco de Ouro, fazendo uma enorme festa. Algo que Campinas jamais havia visto.

Na última rodada, nada de corpo mole, o Bugre venceu o Juventude por 2×1, gols de Glauber e Adriano Gabirú, e nas arquibancadas oficialmente 16.751 pagantes, mas visualmente mais de 25 mil pessoas assistiram e se emocionaram com a estreia da sexta maior bandeira do futebol brasileiro, sem dúvida nenhuma A MAIOR DO INTERIOR. O time titular desta última partida teve: Douglas (Léo); Maranhão, Bruno Aguiar (Márcio Alemão), Dão e Eduardo; Luciano Santos, Glauber, Léo Mineiro e Adriano Gabiru (Carlos César); Fabinho e Ricardo Xavier. Técnico: Oswaldo Alvarez.

E Leonel Martins de Oliveira havia conseguido! Com sua teimosia, suas decisões equivocadas, seu jeito antipático e já há dois anos batendo na tecla de que só uma venda de patrimônio seria capaz de reverter a grave crise financeira que o Clube vivia, o Guarani estava de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Não fosse o insucesso da equipe no primeiro semestre o Guarani finalmente estaria de volta aos seus devidos lugares, a elite no Paulista e no Brasileiro, mas a Torcida nem pensava nisso, só queria, e como merecia, comemorar seu acesso, afinal, voltar para a Série A1 era só uma questão de tempo, pois o atual vice campeão brasileiro da Série B atropelaria todos os adversários na Série A2 de 2010.

Que pena, não foi bem assim, mas isto é história para a próxima, porque o que vem depois é muita coisa para caber em pouco espaço e já se vão 14 páginas de documento nesta coluna.

Desculpem, vou precisar de mais um capítulo para que possamos juntos visitar e analisar os anos de 2010 e 2011, os últimos de Leonel Martins de Oliveira à frente do Guarani, a ascensão de Marcelo Mingone em 2011 e tudo o que envolveu sua queda antes de completar um ano de mandato e a chegada daquilo que tinha tudo para ser a solução para o Guarani, mas ficou muito longe disso, a “Coalisão” aclamada que trazia Álvaro Negrão como presidente e Horley Senna como vice, juntando vários grupos políticos Bugrinos ao comando, esperança de dias melhores que terminou com uma briga de egos sem igual.

Mas e a conclusão? Prometo fazer ao final do último capítulo, há tanto a dizer sobre este período que ainda não terminamos de relatar,mas o pior de tudo estava por vir, seriam os anos de 2010 e 2011. Agora, sobre estes relatos da parte 7 quem escreve é você, comente e relembre seus momentos e alegrias ou decepções com o Bugre entre os anos de 2006 e 2009, uma verdadeira gangorra, um sobe e desce sem fim, que caminhava para um final feliz em 2010. Observem que nossa série que começou em 1973 com o Bugre disputando o Campeonato Brasileiro pela primeira vez já percorreu 37 anos, restam apenas cinco temporadas para terminarmos esta análise, as problemáticas e oscilantes 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014.

Prometo não demorar com o capítulo final. Até a próxima pessoal.

Marcos Ortiz
Planeta Guarani

6 comentários sobre “Na vitória ou na Derrota – Um Verdadeiro Carrossel de Emoções, o sobe e desce Bugrino – 07/08

  1. Olha. Lágrimas escorrem dos meus olhos neste momento. Após ler toda essa coluna. Comecei a acompanhar o Guarani de perto nessa época, e desde entao, tudo isso só fez aumentar meu amor por esse clube!
    Nao sei explicar. A esperança de dias melhores sempre permanecem!
    Vamos a Luta. Hei de estar vivo para em breve ver o meu Bugre na Série A do Brasileiro e A1 do Paulistao!

    HSG!

    1. Hugo, essa fase realmente é isso, um carrossel. Quando a gente pensava que ia, desandava. As emoções se misturavam.

      Falta só mais um, difícil de escrever também, porque chegamos à época de algum dos maiores erros de gestão recente no clube, outro carrossel, indo de rebaixamentos, dois vices paulista (A2 e A1), aquele tumulto da gestão Mingone e depois o período mais difícil pessoalmente para eu escrever, porque ao mesmo tempo em que sei que passamos quase 2 anos praticamente sem futebol, vivi na pele tudo aquilo. Espero não me poupar das minhas críticas também.

      Abraço

      Marcos Ortiz

  2. Uffa…..

    Grande Ortiz, mesmo com um texto longo destes, é impressionante como você consegue prender nossa atenção, parabéns pelo grande trabalho, e quantas emoções vivemos nessa faze heimmm….

    1. Marcelão, obrigado! Já estamos terminando, temos quase 40 anos de Guarani nessa série… começamos em 1973 com a disputa do Brasileiro e vamos terminar em 2014. Acho que vai dar pra concluir e que a gente consiga olhar para tudo isso e encontrar onde erramos para podermos corrigir.

      Grande abraço, daqui uns dias tem mais uma.

      Marcos Ortiz

  3. Caro Ortiz, realmente essas matérias sobre a história Bugrina, nos leva às lagrimas de emoção, alegria e tristeza ao mesmo tempo, acompanho o Bugre desde 1976 e mesmo a distancia acompanho tudo sobre o meu Guarani, revendo toda essa história, a emoção brota da alma, o corpo se arrepia todo, os olhos se enchem de lágrimas, não tem como segurar. Mas é graças a pessoas como voçê, pra manter viva essa paixão em cada bugrino. Grande Abraço.
    Jose Candido

  4. Ortiz, você nos ajuda a manter o fanatismo pelo Guarani! Muito obrigado e por favor, continue alimentando a história, passagens alegres e tristes, mas se Deus quiser voltaremos a fase de glória e respeito.

    Lembra do ingresso barato e a caixinha de ajuda espontânea? Praticamente todos depositavam a ajuda, as pessoas que administram o Bugre precisam ter consciência da grande responsabilidade, amamos o Guarani!

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