Na vitória ou na derrota – A era Beto Zini, o Bugre versus o Clube dos 13 até a Lei Pelé – 05/08

Quantas histórias, quantas alegrias e que torcida feliz! Sem dúvida é isso o que encontramos nas colunas anteriores ao falarmos das décadas de 1970, 1980 e em um bom trecho da década de 1990, os mais experientes dirão “quanta saudade”, já os mais novos podem dizer “que inveja”.

Primeiro peço a vocês que me permitam. Ao iniciar esta série de colunas eu pretendia dividi-la em seis matérias, mas vou precisar criar mais uma, a sétima coluna que vai tratar do Bugre entre os anos de 2012 até a metade de 2014. No próximo texto vou abordar o Guarani entre os anos de 1999 e 2011, as gestões José Luiz Lourencetti e Leonel Martins de Oliveira.

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Seguindo nosso rumo, a partir daqui existe um marco nessa história, podemos dizer que depois desta fase o Bugre nunca mais seria o mesmo? Nunca é muito tempo, mas estamos ainda numa fase de resultados aceitáveis e algumas boas campanhas, num futebol diferente e que vai mudar ainda mais daqui a pouco.

Dentro de campo o Bugre seguia fazendo relativo sucesso em 1995 nos campeonatos que eram disputados em fases classificatórias. As equipes se enfrentavam numa primeira fase e os oito melhores disputavam o direito de, geralmente em quadrangulares, chegarem à decisão da competição, algo muito diferente dos atuais pontos corridos no Brasileiro, mas algo preservado no Paulistão que, salvo algumas exceções, preservou esta formula na maioria das temporadas.

Como vamos falar muito de outras coisas, vou tentar citar sim o futebol, mas deixar as coisas mais atentas ao extra campo, e começamos com uma informação, antes da lesão o La Coruña da Espanha havia enviado uma proposta ao Guarani por Amoroso, a oferta, se não me engano, era de 6.5 milhões de dólares e foi recusada, o atleta não sairia do clube por menos de 8 milhões de dólares. Começamos 1995 sem Amoroso, operado e em recuperação, mas com um reforço importantíssimo, sem receber os valores devidos pela transferência ao futebol japonês no ano anterior, Djalminha estava de volta ao Bugre, com direito a desfile em carro dos bombeiros.

Em 1995 o Bugre chegaria à segunda fase do Paulistão, mas com uma campanha ruim no quadrangular que tinha São Paulo, Palmeiras e Mogi Mirim, não avançou. A equipe que iniciou a competição foi: Hiran, Marcinho, Cláudio, Amaral e Dedé; Fernando, Fábio Augusto, Uéslei e William (Valdeir); Fabinho e Leonardo (Jean). Técnico: Oswaldo Alvarez.

A equipe que encerrou o Paulistão de 1995 jogando contra o São Paulo tinha: Narciso, Uéslei, Cláudio, Carlinhos e Júlio César; Fernando, Fábio Augusto (Valdeir), Silvinho e Djalminha; Adriano Fernandes e Luizão (Amaral). Técnico: Pepe.

Lembram das trocas de treinador? O Bugre começou o Paulista com Vadão que ficou cinco rodadas no comando e foi demitido depois de um problema entre o treinador e o meia Djalminha, depois veio Givanildo Oliveira que comandou a equipe por apenas quatro jogos, assumindo Celinho como interino por duas rodadas e Pepe foi o treinador que mais tempo ficou, terminou a competição comandando a equipe por 19 partidas.

Logo após o Paulistão o Bugre disputou um amistoso internacional no Brinco de Ouro. Guarani e Lazio jogaram, com uma derrota Bugrina por 3×2, mas uma grande festa para cerca de 8 mil torcedores presentes. As escalações foram:

GUARANI – Hiran, Ronaldo Alves (Uéslei), Cláudio, Índio e Silvinho (Alex); Fernando, Valdeir (Adriano Fernandes), Fábio Augusto (Fabinho) e Djalminha; Luizão (Jean) e Nélio. Técnico: Pepe.
LAZIO – Orsi, Negro, Favalli, Chamot e Bonomi; Di Matteo (Venturin), Fuser e Winter (Piovanelli); Rambaldi (Colucci), Casiraghi (De Sio) e Signori (Grandoni). Técnico: Zdenek Zeman.

No Brasileiro Pepe estava mantido, mas apenas oito rodadas depois, Gersinho assume o comando interinamente por duas rodadas e Nicanor de Carvalho chega e termina a competição.

Guarani e Atletico – Duelo na primeira fase da Copa Conmebol.

No segundo semestre, durante a disputa do Brasileiro, mais uma competição internacional na história do Bugre, a Copa Conmebol (hoje Copa Sulamericana), mas no confronto com o Atlético-MG um empate por 1×1 no Mineirão e uma derrota no Brinco por 1×0 eliminaram a equipe ainda na primeira rodada da competição.

Voltando ao Brasileiro, o Bugre enceraria sua participação ainda na primeira fase, sem se classificar para as fases decisivas. A equipe que iniciou a competição tinha: Narciso, Davi, Renato Carioca e Sangaletti (Fabinho); Anderson, Fernando, Sérgio Soares (Valdeir), Jean (Alex) e Júlio César; Djalminha e Fernando Diniz. Técnico: Pepe.

Já a equipe titular que encerrou a participação tinha: Léo, Anderson, Renato Carioca, Davi e Júlio César; Valdeir, Sérgio Soares, Silvinho e Fernando Diniz; Leonardo e Alex. Técnico: Nicanor de Carvalho.

E o início de 1996 traria mais uma polêmica, o Guarani negociou seus dois principais jogadores com o Palmeiras-Parmalat. Saíram juntos Djalminha e Luizão, acabando com o sonho da torcida em ver o trio Amoroso, Djalminha e Luizão enfim jogar junto, porque Amoroso estava de volta, recuperado da cirurgia no joelho. Me lembro bem das palavras do jornalista Juca Kfouri, então apresentador do programa Cartão Verde da TV Cultura: “O Guarani abriu mão de ser grande”, ao anunciar a transferência, e parecia uma profecia.

No Brasileiro vem uma boa campanha, o Bugre inicia a competição comandado pelo uruguaio Sergio Ramirez com Léo, Zelão, Carlinhos, Souza e Júlio César (Maninho); Fernando, Fábio Augusto, Alberto (Pestana) e Adil; Amoroso e Adalberto (Fabinho). Carlinhos é o mesmo Carlinhos hoje treinador do Sub-20, Júlio Cesar e Amoroso são os outros pratas da casa em campo.

Sergio Ramirez dura apenas três rodadas e Gersinho assume o time interinamente por uma rodada até a chegada de Fito Neves que pasmem, comanda o time por apenas dois jogos, em seu lugar chega Cabralzinho. Junto a isso o Bugre sofre um desfalque importantíssimo. Tentando uma valorização, a diretoria resolve emprestar Amoroso ao Flamengo que naquele ano vivia seu centenário e montava uma equipe de estrelas que nunca se firmaria, mas conquistaria o Campeonato Carioca. Amoroso pouco jogou, foram 16 jogos pelo Flamengo, com seis gols marcados.

Voltando ao campo, ou melhor ao banco, Cabralzinho comanda a equipe por nove partidas e dá lugar ao técnico Carlinhos que comanda a equipe por outras nove rodadas e deixa a equipe. Com a saída do treinador a decisão é formar um colegiado, onde o próprio presidente Beto Zini também trabalharia na preparação da equipe e Gersinho iria para o banco de reservas nos jogos, a decisão durou quatro rodadas, após o terceiro jogo o clube contratou Julio Cesar Leal que não comandou o Bugre no primeiro jogo e assume na partida seguinte, restando apenas dois jogos para o final do Paulistão.

Enquanto mais uma vez o Bugre não conseguiria chegar à segunda fase do Paulistão a Torcida via o time de aspirantes atropelar todos os seus adversários e, depois de vencer o primeiro e o segundo turno do Paulista da categoria (os jogos eram disputados nas preliminares dos jogos principais), conquistar o Campeonato Paulista de Aspirantes de 1996.

Esta foi a escalação que iniciou o Paulistão: Léo, Zelão, Carlinhos, Souza e Júlio César (Maninho); Fernando, Fábio Augusto, Alberto (Pestana) e Adil; Amoroso e Adalberto (Fabinho). Técnico: Sérgio Ramirez.

Esta foi a escalação que encerrou o Paulistão: Edervan (Léo), Índio II, Hélton, Goiano e Wallace; Fernando, Marcelo, Pestana (Maninho) e Cairo; Aloísio e Sílvio. Técnico: Júlio César Leal.

Antes do Brasileiro o Guarani vai ao Japão fazer uma série de dois amistosos, os adversários foram o Verdy Kawasaki e o Kashima Antlers, conseguindo uma vitória por 2×1 na primeira partida e uma derrota por 3×1 na segunda.

Antes do Campeonato Brasileiro mais uma notícia, Amoroso que havia sido emprestado ao Flamengo foi negociado com a Udinese da Itália. Valor da negociação: Aproximadamente 1.2 milhão de dólares.

Já carente de boas campanhas o Bugre precisava de um bom Campeonato Brasileiro para tranquilizar sua torcida e ele veio. O Bugre começou a campanha trazendo Julio de Toledo Piza (pai de Evaristo Piza), treinador de muito sucesso nas categorias de base, mas sua passagem duraria apenas dois jogos e a diretoria foi buscar um velho conhecido, o vice-campeão Paulista pelo Bugre em 1988 José Luiz Carbone.

O time que iniciou a competição tinha: Hiran, Marcinho, Sangaletti, Nenê e Júlio César; Elson, Valdeir (Goiano), Fabinho (Leonardo) e Cairo; Marcelo Carioca (Gilson) e Ailton. Destaques para o goleiro Hiran, a dupla de zagueiros formada por Sangaletti e Sorlei e o atacante Ailton (Ailton Queixada) que depois se transferiria para o futebol alemão, onde seria ídolo e artilheiro.

Carbone assumiu o comando Bugrino na partida contra o Paraná pela terceira rodada, uma derrota por 3×0 em Curitiba e permaneceria no clube por apenas 10 jogos, colecionando 07 vitórias, duas derrotas e um empate. O time que iniciou mal a competição conseguiu reagir e ocupava a liderança até o confronto contra o Sport no Recife, quando mais uma vez o hábito de dispensar treinadores voltou a fazer parte da história. O Guarani perdeu a partida por 1×0 e Beto Zini soube de um encontro para um jantar entre Carbone e Hélio dos Anjos que aconteceu na capital pernambucana e pronto, demitiu o treinador, mesmo com sua excelente campanha.

Quem assumiria em seu lugar seria o mestre, a lenda, o grande Carlos Alberto Silva que iria com a equipe até o final da competição e continuaria com a grande campanha. Em entrevista durante a competição Carlos Alberto Silva afirmou: “Eu nunca assumi um time tão bem montado e com um trabalho tão bem feito”.

Depois de vencer o Vasco da Gama em São Januário por 2×0, o Bugre conseguia se classificar para a fase de quartas de final, a competição havia mudado e os clubes se enfrentavam em sistema de mata-mata, fazendo quartas de final, semifinal e final. O adversário era o Goiás e o Bugre por ter melhor campanha, decidiria em casa sua classificação.

Na primeira partida um resultado ruim, uma derrota por 3×1 em Goiânia e a obrigação de reverter o placar jogando com o apoio de sua torcida. O Guarani precisava de uma vitória por dois gols de diferença e assim Carlos Alberto levou a campo a seguinte equipe: Hiran, Marcinho (Luciano Baiano), Sangaletti, Sorlei e Robinson; Dega, Valdeir, Edu Lima (Alexandre Gaúcho) e Gilson; Marcelo Carioca (Fabinho) e Ailton.

Começa o jogo com a presença de 15.306 pagantes, o Guarani sai com tudo para cima do Goiás e a Torcida festejaria logo nos minutos iniciais o que seria uma grande chance de conquistar a vaga e disputar mais uma semifinal de Brasileiro. Aos 03 minutos Ailton marca o gol Bugrino, pronto, restava ainda um jogo inteiro para conseguir mais um gol e ficar com a vaga, mas não foi isso o que aconteceu. Aos 27 minutos as coisas ficariam difíceis, o atacante Gilson cometeria uma falta e acabaria expulso, deixando o Guarani com um homem a menos.

Mesmo com um jogador a menos o jogo era praticamente um ataque contra defesa, o Guarani tomava as iniciativas e buscava o resultado, o Goiás pouco ameaçava, sempre nos contra-ataques, mas a bola Bugrina não entrava de jeito nenhum.

Final de jogo e para frustração da Torcida o placar aponta: Guarani 1×0 Goiás. O Goiás segue para as semifinais e o Bugre encera sua participação no Brasileirão. Foi um resultado muito lamentado.

A partir de 1997 a história muda, o Guarani passa a disputar competições sem sucesso, não conseguindo se classificar, e pior, algumas vezes lutando contra rebaixamentos, como aconteceria no Brasileiro de 1997.

Treinadores de muito renome atualmente também marcaram este momento Bugrino. Apenas para termos uma ideia, quem encerrará o Paulistão comandando a equipe é Muricy Ramalho.

No início do Paulista estava no banco de reservas Geninho que deixaria a equipe após uma das piores derrotas da história Bugrina, uma goleada sofrida para o Corinthians por 8×2 no estádio do Morumbi.

Geninho seria substituído por Abel Braga, mais um dos treinadores em destaque no futebol atual, ele permaneceria pouco, apenas cinco rodadas e Muricy assumiria em seu lugar fazendo as últimas 12 rodadas e encerrando exatamente com uma vitória sobre o São Paulo (coincidência) por 2×0 no Brinco de Ouro da Princesa. Nesta partida Muricy levou a campo
Pitarelli, Jefferson (Dega), Goiano, Vaguinho e Rubens Júnior; Carlinhos, Renatinho, Ricardo Mendes e Paulo Isidoro; Gilson (Jocivalter) e Ailton (Adailton).

A equipe que iniciou a competição comandada por Geninho tinha: Hiran, Luciano Baiano, Sorlei, Nenê e Vaguinho; Elson, Ricardo Mendes (Dega), Carlinhos e Paulo Isidoro (Irani); Gílson e Aílton (Fabinho). Detalhe, nesta equipe apenas o lateral-direito Luciano Baiano era formado nas categorias de base, já ao final da competição aparecem alguns outros como Pitarelli, Rubens Junior e Renatinho, além de Jocivalter que entraria no decorrer da partida.

E como esquecer do gol de cabeça marcado por Hiran (foto), o goleiro Bugrino, no empate por 3×3 com o Palmeiras na quinta rodada do Paulistão de 1997? Clique aqui e veja o vídeo.

E depois do Paulistão veio o Brasileiro, campanha onde o Bugre conseguiria fugir de um rebaixamento apenas nas últimas rodadas e com uma reação incrível!

Depois dos bons resultados nas 12 rodadas do Paulistão Muricy Ramalho foi mantido, fato raro na época, e começaria a campanha comandando o Guarani. O time da estreia, uma derrota para o Cruzeiro no Mineirão por 3×1 teve: Hiran, Renato Paulista, Marinho, Vaguinho e Rubens Júnior; Elson (Rodrigo Jaú), Carlinhos, Mineiro e Jean Carlo; Gílson (Dinei) e Aílton. Observem que durante a partida Dinei (ex-Corinthians) entra no lugar de Gilson no ataque.

A passagem de Muricy dura 13 rodadas e depois de mais um mal resultado, uma goleada de 5×0 sofrida contra a Portuguesa no Canindé, ele foi substituído por Lula Pereira que comanda a equipe por oito jogos e deixa o Bugre na zona do rebaixamento faltando apenas cinco rodadas para o término da competição. Quem assume? O técnico que seria recordista de permanência no Bugre durante a gestão Beto Zini, Oswaldo Alvarez, o Vadão!

Em campo o Guarani precisava vencer, não podia mais perder, e só assim evitaria o rebaixamento para a Série B. E foi assim, nas cinco partidas finais foram dois empates e três vitórias, a primeira uma goleada por 4×1 sobre o Grêmio em Porto Alegre, a segunda um jogo inesquecível e uma vitória sobre o União São João em Araras e a última uma vitória por 3×2 sobre o Vasco que seria o Campeão Brasileiro da temporada, no Brinco de Ouro da Princesa.

Todos são jogos incríveis, mas a partida de Araras é inesquecível, até pelo grande número de Bugrinos presentes ao estádio. O Guarani precisava vencer para manter as chances de não ser rebaixado e a partida foi dura, o sofrimento durou até os 46 minutos do segundo tempo quando o volante Edinho Goiano, um jogador com pouco mais de 1.60 metros de altura marcou, de cabeça o gol da vitória do Bugre. Uma festa começou imediatamente com a Torcida Bugrina ganhando as ruas de Araras com suas camisas e bandeiras e um enorme desfile de ônibus. Inesquecível, mas lembremos, estávamos comemorando um não rebaixamento.

A equipe que conseguiu esta vitória entrou em campo com Gléguer, Júlio César (Luciano Baiano), Sorlei e Vaguinho; Ferreira, Edinho Goiano, Jean Carlo (Moreno), Paulo Isidoro e Rubens Cardoso (Marcão); Dinei e Samuel. Técnico: Oswaldo Alvarez.

E aqui se foi mais uma temporada, o ano de 1997, e para poder chegar ao novo ponto peço para que 2008 seja apenas comentado. A receita foi a mesma, treinadores chegaram e saíram como em todos os anos anteriores, jogadores também, e apenas para não deixar de citar, em 1998 o Bugre tinha em seu elenco um atacante chamado Robson Ponte contratado junto ao Juventus e que fez muito sucesso junto à torcida por suas jogadas de muita habilidade, era sem dúvida um grande jogador. A escalação do Bugre na última partida desta temporada, a derrota para o Sport no Recife por 2×1 teve: Pitarelli, Luciano Baiano, Sorlei, Marcelo Souza e Rubens Cardoso; Marcelinho Paulista, Renatinho, Paulo Isidoro (Derlei) e Jean Carlo (Silvinho); Robson Ponte e Gílson Batata (Júlio César). Técnico: Estevam Soares.

Agora chegamos a um ano marcante, 1999! A temporada chegou e com ela chegou também a Lei Pelé, mesmo com algumas alterações, em vigor até os dias atuais. Resumindo, os clubes não teriam mais o “passe dos atletas”, teriam contratos e multas rescisórias para a negociação de jogadores e, quem deixasse de pagar salários ou encargos trabalhistas perderia o vínculo com o jogador.

Parabéns, criaram a figura do empresário de jogador de futebol e transformaram nos novos ricos do futebol brasileiro, enquanto os clubes foram, com raras exceções, ficando cada dia mais pobres, e este estágio de empobrecimento aumenta a cada ano, até os dias atuais.

Qual era a fórmula do Bugre? Formar jogadores, valorizá-los em seu elenco e depois de valorizados, vende-los, ou então, contratar jovens promessas de outros clubes, valoriza-los em seu elenco e depois negociar seu passe… poxa, isso acabou, e agora?

O “E agora” é uma receita que até hoje o Guarani não descobriu.

Junto a isso surge um escândalo. Beto Zini, então presidente do Guarani teve seu nome citado nas investigações de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara Federal dos Deputados que investigava o roubo de cargas.

O Bugre que sempre se viu amplamente divulgado na imprensa por seus feitos e conquistas, desta vez estava sim em notícia, mas em outras páginas e seções.

Beto Zini foi inocentado durante a investigação, mas em junho de 1999, pediu licença do cargo e esta é a informação que poucos sabem, isso mesmo, Beto jamais renunciou, pediu afastamento sem determinar tempo, mas sua saída seria irreversivelmente tratada como uma renúncia graças a declarações do próprio Beto Zini à imprensa na época onde ele afirmava que havia se demitido, e pronto, uma era se encerrava ali, mas deixaria sequelas até os dias atuais.

Saldo da gestão: Muitos jogadores contratados, alguns jogadores revelados, vários e vários jogadores negociados e um clube empobrecido e disso vou tratar na minha conclusão.

Conclusão

Uma coisa não podemos negar, o Guarani de Beto Zini conseguiu muito espaço na mídia. Sempre nos bastidores haviam informações, o presidente era convidado em grandes programas de televisão de repercussão nacional e ele chegou até mesmo a chefiar uma delegação de Seleção Brasileira em amistoso internacional.

Mas o Guarani da gestão Beto Zini foi obrigado a conviver com uma realidade completamente diferente financeiramente falando. O Bugre tinha contra si um dopping que favorecia todos os seus grandes rivais, as cotas de televisão pela transmissão das partidas de futebol, enquanto ele Guarani, sem acesso a esta festa, vendia, contratava, tentava revelar, vendia de novo, buscava dali, buscava daqui para tentar fazer frente aos seus principais rivais. E os rivais não eram outros senão os maiores clubes do futebol brasileiro, eram os gigantes todos do futebol brasileiro, pois na maior parte desta fase em Campinas só existia uma equipe, a outra passou 12 anos jogando a Série A2 e tentando seu acesso em vão.

Resultado: O clube que estava entre os mais ricos do Brasil, pela primeira vez apresentou uma dívida consideravel em seus resultados financeiros. Todos os jogadores que vieram, os que foram revelados, os que foram negociados não conseguiram fazer frente à nova realidade do futebol brasileiro representada pelo Clube dos 13 e seus integrantes.

A dívida? Cerca de pouco mais de 8 milhões de dólares, mas ainda haveria uma série de outras ações que só se concretizariam nos anos seguintes.

Beto Zini se foi. Foi o mais folclórico dos presidentes do clube, sem dúvida. Foi e ainda hoje é uma pessoa que merece respeito por seu conhecimento do mercado da bola, sabe olhar um menino e dizer se tem futuro no campo. Comandou o Guarani com mãos de ferro por 11 longos anos e não conseguiu o que sonhou e prometeu ao assumir: Um título.

Mas o Guarani jamais seria o mesmo. A nova realidade já havia causado estragos irrecuperáveis que nos atingem até os dias atuais.

Ficou longo, mas acho que deu para falar sobre tudo. Se você se lembra de algo faça esta série você mesmo, poste seu comentário, divida seu conhecimento, suas lembranças, mas antes é preciso deixar claro novamente que, mesmo falando de futebol, o objetivo desta série é tentar encontrar nossos erros para conseguirmos achar nosso caminho.

Até a próxima com José Luiz Lourencetti e a volta de Leonel Martins de Oliveira. A política Bugrina nunca falou tão alto nesta história!

Marcos Ortiz
Planeta Guarani

12 comentários sobre “Na vitória ou na derrota – A era Beto Zini, o Bugre versus o Clube dos 13 até a Lei Pelé – 05/08

  1. Já de saída, cheio de processos e encrencas nas costas, Beto seguiu à risca as determinações de seus advogados: virou um caricaturado pastor religioso, só falava no Criador.
    Creio que este será o melhor caminho à ser tomados pelos da atual adminstração. Breve!

  2. Mesmo com todas as dificuldades, o GUARANI ainda possui histórias.
    O pior é o time da linha do trem, que possui cento e tantos anos e nenhum título.

  3. Parabéns Ortiz, nos faz relembrar a história, jogadores e jogos que passaram pelo Bugrão. Lembro que o Beto trocou um time inteiro (campeão paulista e vice brasileiro pelo Bragantino, inclusive o Mauro Silva) por um zagueiro chamado Vitor Hugo, ruim demais e que ficou uma única temporada e depois disso nunca mais ouvi falar dele.

  4. Ortiz, apenas um detalhe, em 1996 o Guarani flertou com o rebaixamento no Paulista. Perdeu vários jogos e foi se reabilitar com Carlinhos, técnico campeão pelo Flamengo que teve boa passagem em 1993, quando revelou Clóvis. O Guarani foi o único time que venceu o Palmeiras, campeão no Paulista de pontos corridos na época. Sem contar que também em 1996 após vencer Cruzeiro e ser líder no Brasileiro, Carlos Alberto Silva voltou a comandar o Bugre!

  5. Nunca me esqueço quando o beto zini pegou o GUARANI FC das mãos do LEONEL, até ali disputando finais, contando com grande elenco, associados e um CLUBE GRANDE, a partir dali foi muita tristeza … até hoje tentamos voltar as nossas grandes glorias.
    beto zini NUNCA MAIS
    HSG

  6. E ai quantas saudades do planeta guarani, até que enfim vc voltou!, um espaço importantíssimo na internet para os bugrinos, eu peguei a hera beto zinni, e posso dizer foi o inicio de tudo de ruim que aconteceu com nosso amado bugrão, como bem citado no texto acima, sem mais…

  7. Comecei a acompanhar o Guarani na era Beto Zinni, sinto saudade de ver o Guarani batendo nos times da mídia e estando na maioria das vezes na parte de cima das tabelas.

  8. Alguem sabe se o Sorlei continua morando em campinas ? lembro que na epoca ele ficou em definitivo em campinas,de tanto que gostou daqui !

  9. Lembro que saiu no jornal correio popular uma matéria do Beto Zini , onde dizia: “EU SOU O GUARANI”, mostrando que quem mandava e desmandava era ele, mas mostrava resultados, não vistos hoje em dia. O Brinco de Ouro era um dos mais sofisticados do país, principalmente da drenagem, vestiários e banheiros era dos melhores, principalmente o gramado. Quem vinha jogar aqui tinha ótima lembrança.

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