Guarani 1×2 Confiança: Os erros nossos de cada dia

Guarani 1×2 Confiança: Os erros nossos de cada dia
Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC.

Quando um time que luta por um acesso recebe um time que luta contra um rebaixamento, qual desses times deve entrarem campo nervoso? Aquele que briga pela parte de cima, pela consagração, ou aquele que luta para se salvar da degola?

O Bugre (7º) recebeu o Confiança (19º). Fez um primeiro tempo horroroso, sem nenhum esforço ofensivo, sem nenhuma jogada trabalhada, sem nenhum posicionamento pensado diferente, enfim, repetiu tudo aquilo que vinha apresentando nos últimos jogos todos, até mesmo quando venceu o Londrina por 3×0.

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A única coisa que o time sabe fazer é trocar passes entre zagueiros, volantes e laterais, isso quando não acaba recuando para o goleiro. E foi assim que o Guarani “jogou”, passando quase 70% do tempo em que esteve com a bola nos pés, na primeira etapa, trocando passes entre zagueiros, volantes, laterais, ou recuando para o goleiro recomeçar tudo de novo… resultado, teve uma única chance de gol durante todo o jogo (com a bola rolando), numa escorada de Régis para Bruno Sávio, dentro da grande área, onde o atacante Bugrino isolou a finalização, com o gol aberto à sua frente.

Muito pouco, se não fosse a escapada de Diogo Matheus, empurrado dentro da grande área aos 45 minutos, que acabou no pênalti cobrado por Bruno Sávio, já quase aos 48. Guarani 1×0, sem jogar futebol o Bugre vencia o jogo, então agora a tranquilidade viria.

Não, não veio. Nervoso em campo, e aqui temos que acrescentar também a atuação do árbitro da partida, que marcava qualquer contato entre jogadores do Guarani e do Confiança como faltas pro adversário, e não usava o mesmo critério quando o lance era idêntico, mas de lados opostos. Foi por isso que o Guarani perdeu? Não, mas talvez isso tenha ajudado a fazer os nervos ficarem à flor da pele, e ficaram!

Em mais um desses contatos, o árbitro (catarinense, terra do Avaí, que também luta pelo acesso) marcou mais uma falta de Bruno Sávio no meio de campo, cartão amarelo pro camisa 11 do Bugre, que ali já demonstrava sua irritação. Mas amigos, o Guarani vencia o jogo, não jogava bola, mas vencia o jogo, e era preciso vencer, de qualquer jeito. Não era preciso fazer uma partida tática ou tecnicamente perfeita, era preciso vencer, e já vencia.

De repente, no meio de campo, Bruno Sávio acerta o adversário com um golpe duro, o antebraço do atacante Bugrino foi direto no peito do adversário, que caiu em campo. O Árbitro sim, marcou a falta, mas chamado pelo VAR, reviu o lance e, sem pensar, aplicou direto o cartão vermelho ao camisa 11. Merecido, nem era lance pra segundo amarelo mesmo, era vermelho direto, e assim Bruno Sávio, autor do gol na cobrança do pênalti, se transforma no personagem negativo da partida.

Guarani com um jogador a menos em campo, difícil, mas o expulso era atacante, então o sistema defensivo estava preservado, o espaço que o Confiança tinha servia para trocar passes no seu campo defensivo, e na intermediária, e os seus zagueiros viraram meio campistas, absolutamente ninguém de branco e azul atuava mais da metade pra trás do campo. Ao Guarani cabia apenas se defender, evitar as bolas aéreas e as jogadas de velocidade, mas a armadilha estava armada para o Bugre.

Aos 36 minutos o time teve um escanteio a seu favor, Andrigo partiu para a cobrança pela esquerda, e lá se foram os zagueiros para a grande área tentar marcar um gol salvador que definisse o placar. Não era preciso, mas foram… resultado, no contra ataque, Thales acabou fazendo uma falta tática no círculo central e, como já tinha cartão amarelo, levou o segundo, seguido do vermelho. Ai com o perdão da palavra, fodeu de vez… um a menos é difícil, dois a menos então, pior ainda…

O que restava ao trainador? Recompor o sistema defensivo. No banco, ou melhor, no aquecimento, estavam Carlão e Luiz Gustavo, dois zagueiros, em campo restava ao Guarani, depois da expulsão e das substituições, um único atacante, Pablo. Natural: Substituição no Guarani aos 37 minutos, sai Pablo, entra Carlão, ou até mesmo Luiz Gustavo, o treinador ainda tinha uma última mudança, fecha a casinha, defende o resultado, tira de bico e ganha o jogo.

Não, a decisão foi a pior possível, Bruno Silva foi recuado para a zaga, Índio passou a ser o primeiro volante, e Rodrigo Andrade, que continuava em campo, recuado para a marcação na intermediária do Guarani. E Pablo? Sem função em campo nos minutos finais, era mais um que tinha que ajudar a marcar…

É, aos 43 minutos a defesa do Guarani conseguiu, aos trancos e barrancos, afastar uma bola, ela chegou até Rodrigo Andrade, na lateral, pelo lado direito, hora do bom e velho chutão, e… não, o volante se enrolou com a bola e o Confiança ficou com o presente, passe na entrada da grande área e pronto, Bruno Silva viu Neto Berola invadir a área e calçou o atacante. Pênalti pro Confiança, aos 45 pênalti cobrado, bola no canto direito, Rafael Martins até foi para o canto certo, mas ficou longe de defender a boa cobrança de Neto Berola, Guarani 1×1 Confiança, lá se foi a vitória mais uma vez nos minutos finais…

Mas ainda dava tempo de piorar, e piorou… lembram-se do zagueiro que não entrou? Ele fez muita falta. Aos 48 minutos o Confiança chegou pelo lado direito, esquerdo da marcação do Guarani e foi trocando passes, Índio e Bidú foram totalmente envolvidos e Neto Berola recebeu, avançou pra grande área, chegou à linha de fundo e tocou pra trás, Bruno Silva, o zagueiro improvisado, não viu a chegada de Willians Santana, Índio, improvisado como primeiro volante, chegou atrasado na marcação, e pronto, ele tocou, livre, pro canto esquerdo de Rafael Martins. Guarani 1×2 Confiança, um gol aos 45, outro aos 48 minutos, nem deu tempo de assimilar, a vitória virou derrota.

Pergunta que não quer calar: Por que o treinador, que no jogo anterior perdeu a vitória por colocar muitos zagueiros em campo e chamar o adversário, que estava morto na partida, pra cima, desta vez, com uma última substituição pra fazer, dois zagueiros no banco de reservas, dois jogadores a menos em campo, um deles um zagueiro, não conseguiu enxergar a necessidade de reforçar a marcação dentro da grande área e optou por recuar um volante para o setor?

Incoerência! Mas mais do que isso, falta de leitura de jogo, e em 4 minutos o Guarani perdeu a partida.

Terminando por aqui, mas sem antes perguntar; Onde foi parar o futebol de Régis, Rodringo Andrade, Bruno Sávio? Onde foram parar os laterais perigosos do Guarani? Onde foi parar o Júnior Todinho que um dia foi artilheiro do Bugre em uma temporada/ E nem faz muito tempo, foi na temporada passada, que acabou no começo desse ano?

E onde foi parar a visão de jogo do técnico Daniel Paulista e da comissão técnica do Bugre? Sim, porque treinador tem auxiliares, será que nenhum deles viu a necessidade de reforçar a marcação? Se alguém viu, quem deixou de ver foi o treinador?

E a última: Há quanto tempo o Guarani não joga futebol? 10? 12 rodadas? O acesso não escapou nesse jogo, escapou contra Vitória, Náutico, Coritiba, Brusque, CRB, e culminou com o fiasco técnico, tático e do técnico do Guarani contra o Confiança. Uma pena, a gente realmente poderia ter ido longe, mas não conseguiu olhar pro horizonte, tropeçou, e caiu.

Agora é a última mesmo: Quando é que o Superintendente de Futebol, Michel Alves, virá a público explicar a queda de rendimento da equipe, a escapada de resultados importantes, e principalmente, as quatro últimas contratações do Guarani (Júnior Todinho, Luiz Gustavo, Samuel Santos e Arthur Gaze)? Desses, Todinho virou titular, sem jogar futebol, Luiz Gustavo jogou poucos minutos em Brusque, e Samuel Santos e Arthur Gaze sequer vestiram a camisa de jogo, ainda.

Valeu hein, esse sabe tudo e mais um pouco de futebol!

Marcos Ortiz