Manaus, Vasco, Chamusca e Michel Alves – Muita coisa pra processar em poucos dias

Em menos de uma semana muita coisa aconteceu no Brinco de Ouro. Por mais que a gente tente tratar com naturalidade, naturalidade não é a palavra da vez pra tudo isso.
Jogo em Manaus
Ok, já foi e não vai mudar, Guarani e Vasco se enfrentaram na Arena Amazônia para a torcida do Vasco ver. E não é que o time esteve diferente? Sim, diferente, mas ainda muito aquém do necessário pra deixar o campo com três pontos, time que não faz gol não vence, essa realidade não vai mudar nunca.
Lados positivos dentro de campo
O sistema defensivo parece estar finalmente se ajeitando, desta vez com Ernando e Ronaldo Alves, depois com Ronaldo Alves e Castan mostrou uma cara diferente, principalmente se comparado ao Campeonato Paulista. Com dois volantes mais dados à marcação o meio de campo mostrou mais estabilidade, Madson esteve bem, firme, não é e nunca será um craque, mas é um jogador de muita vontade e desta vez acertou mais do que errou.
Lado negativo
Muita criação, pouca qualidade na finalização. É um resumo do Bugre em todo este Brasileiro da Série B até aqui, a equipe cria boas chances, mas não consegue concluir em gols, não transforma as estatísticas de posse de bola, passes e chances de gol em gols, e isso precisa mudar imediatamente, mas não é um problema recente, é algo crônico na equipe em 2022, um ataque ineficiente, mas mais do que isso, um sistema ofensivo ineficiente, responsável pela 18ª posição na tabela de classificação.
Acrescente ao ponto negativo da partida a atuação do volante Leandro Vilela, muito abaixo da qualidade que tem e não foi a primeira vez. Vilela é peça fundamental neste sistema central do Bugre, Quando erra passes ou da o bote errado na marcação o faz num setor do campo em que o adversário está se armando para atacar, isso sobrecarrega toda a defesa.
E mais uma vez o ponto negativo no setor ofensivo Bugrino foi a atuação de Júlio César, o extrema Bugrino está muito longe do nível apresentadona reta final do Brasileiro de 2021 que justificou inclusive a feitura de um novo contrato de duas temporadas com o Bugre. Criou pouco, correu muito, é fato, mas nos momentos em que apareceu no jogo foi algumas vezes displicente, em outros precipitado, até ser, tardia mas corretamente substituído
Marcelo Chamusca
Chegou o treinador, o debate agora não é se o Guarani acertou ou se errou, o debate agora é Marcelo Chamusca conseguirá mudar esta cara de um time que não marca gols? A seu favor ele tem a melhora de desempenho do sistema defensivo, mas como assim, melhorar a defesa é caminho pra ganhar jogos? Claro que é, e é tão simples como 2 + 2 ser 4.
Quanto menos gols você sofre, menos gols precisa fazer pra vencer. Um a zero virou goleada senhores, e já faz tempo que virou. Porém, como tenho dito em nossa programação de rádio web, Chamusca não é milagreiro nem mágico para transformar do dia pra noite tantos problemas em algo bonito de se ver, o que pode fazer agora é apenas organizar, e acreditem, se conseguir organizar o time dentro de campo já estará fazendo muito.
E seu maior desafio neste primeiro momento não está na tática, na evolução do time, na melhora ofensiva e na manutenção da boa fase defensiva, está em recuperar uma boa parte do elenco que vive naquilo que chamo de “limbo” na nossa programação. Atletas sem oportunidades que sequer compõem bancos de reservas, quem dirá uma oportunidade de entrar durante as partidas ou brigar por uma vaga no time titular.
Em um elenco curto de apenas 32 atletas isso faz muita falta. Hoje o psicologo Chamusca é mais importante que o treinador Chamusca, eu só posso esperar que consiga.
Michel Alves
A semana foi de entrevistas coletivas longas, na segunda-feira Marcelo Chamusca atendeu a imprensa em 42 minutos de diálogo. Muito bom, mostrou que entendeu o momento e na sua fala tentou apaziguar o Torcedor Bugrino, e terminou na quarta-feira com o Superintendente de Futebol Michel Alves em 31 minutos de conversa.
Michel respondeu a maioria das perguntas? Não… mas deu sinais importantes ao longo de sua coletiva. Estava mais “aberto” às críticas, ouviu bastante, falou bastante, fugiu de alguns temas em suas respostas, admitiu que poderia ter falado antes, admitiu que o Guarani precisava mudar o rumo, negou problemas nos vestiários e, apesar de reafirmar que o elenco Bugrino numericamente é o ideal, deixou claro que se necessário o time buscará reforços na reabertura da janela em julho/agosto.
Espero que os reforços reforcem um time em busca de algo mais, um time brigando por um objetivo, não contra um descenso.
Michel Alves sabe que só há um remédio para ele, Chamusca, Ricardo Moisés e todos os que atuam nos bastidores, a vitória, e a cada nova rodada sem vencer o Guarani está diminuindo suas chances. É cedo pra colocar o Bugre apenas como time que brigará pra não cair, ainda temos tempo pra recuperação, mas recuperar um time de um rebaixamento é muito diferente de colocar um time brigando por um acesso.
Pra não cair é preciso ser melhor que quatro equipes, pra subir é preciso superar 16… O que será do Guarani? O tempo dirá, mas nossos erros nos trouxeram até aqui e só nossos acertos poderão nos levar a outros lugares.
Marcos Ortiz