Rodada 2, Guarani x Chapecoense – Quando torcer é o maior desafio

Rodada 2, Guarani x Chapecoense – Quando torcer é o maior desafio
Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC.

Calejado, como um bom trabalhador braçal. É assim que se sente uma boa parte da Torcida Bugrina que viu a confiança despencar de um acesso praticamente garantido pra uma briga contra rebaixamento e uma estreia difícil.

Nesta sexta-feira o time entra em campo em casa pela primeira vez na Série B do Brasileiro, e fora dele o ambiente tende não ser dos mais acalentadores. O Bugre encontrará boa parte da sua Torcida apreensiva com um time titular que na estreia trouxe quase 70% de jogadores remanescentes do fracassado Paulistão, cometeu os mesmos erros e colheu o mesmo resultado, uma derrota por 2×0.

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E como superar isso tudo? É um caminho de mão dupla, vai e vem… Torcedor torce, jogador joga, treinador comanda, e dirigente? Dirigente torce, e tem que torcer dobrado.

Nas arquibancadas a temperatura é ditada pelo que acontece dentro de campo. Um time vibrante, brigando por todas as bolas, organizado e mostrando que pode vencer, empurra o Torcedor pra vibração. O oposto, claro, leva o Torcedor à decepção, frustração e descontentamento, é um processo natural.

Comandante comanda, então, como bom comandante, Claudinei Oliveira deve saber que não trabalha para um grupo de atletas, trabalha para uma entidade de 113 anos de existência, amparada por uma legião de Torcedores que só quer alegria. Cabe a ele mostrar ao Torcedor que entendeu isso, e que a alegria ou frustração começa na divulgação da escalação, passa pelo comportamento e só vem com a vitória.

Jogador precisa entender que o público alvo do produto chamado futebol é o Torcedor, sim, mas o Torcedor que torce pro seu time. Qualquer outro fator acaba sendo irrelevante, vaidade, grandes jogadas não finalizadas, nada disso é capaz de colocar um sorriso no rosto das arquibancadas, mas parece que este conceito é ultrapassado hoje em dia, porque vemos constantemente atletas jogando pra si, pra uma tal de visibilidade e preocupados com um tal de mercado.

E por que dirigente tem que torcer dobrado? Hoje em dia a diferença de visão entre Torcedores e dirigentes do Guarani FC é latente. No dia a dia a incompreensão causada pela tomada de decisões que contrariam a vontade da maioria está facilmente constatada com contratações insuficientes (ao menos numericamente), manutenções ou renovações difíceis de entender e aceitar, e discursos que parecem vindos de um mundo de faz de conta, onde o que é contestado por um lado, é enaltecido pelo outro.

Dirigente também precisa entender que não comanda um clube para um grupo de atletas, comissão técnica e outros dirigentes, comanda um clube para a alegria, bem estar e satisfação de todos os seus Torcedores. É fácil chamar a Torcida de Nação, difícil é entrar no conceito que comanda um clube para uma Nação, e por isso deve satisfação de seus atos. Sem a contrapartida, só resta a ele torcer dobrado pra que suas apostas estejam certas, porque se estiverem, o Torcedor estará feliz.

O que cabe a cada um nesta noite? Fazer a sua parte! O treinador tem que escalar um time capaz de agradar o Torcedor, o jogador que entrar em campo tem que ser capaz de vencer o jogo, o dirigente tem que se resignar com a cobrança, a contestação e torcer pra que ao final tudo isso vire alegria para o Torcedor, e o Torcedor?

O Torcedor, a parte mais importante, e muitas vezes a menos respeitada neste processo, só pode fazer uma coisa: Torcer! Não depende dele a escalação, a contratação, a atuação, a única coisa que depende dele é a Torcida pra que o treinador escale direito, o jogador jogue direito, o dirigente contrate direito e o time consiga vencer.

Acabou o jogo, a vitória veio, o Torcedor sorri, canta, se emociona e aumenta a esperança pra próxima partida. Acabou o jogo e a vitória não veio, o Torcedor vive este resultado por muito mais do que um dia, uma noite, ou a reapresentação do elenco, ele vive isso intensamente e só espera que seu time, formado por treinador, jogadores e dirigentes, sinta, vibre e se alegre na mesma intensidade com as vitórias, e que tenha a mesma revolta com a derrota.

Não é só um jogo de futebol, é um jogo do Guarani Futebol Clube, e a Torcida Bugrina só exige uma coisa: Vontade, capacidade e competência pra que ela possa ter alegrias! Hoje tem Guarani no Brinco de Ouro da Princesa e torcemos muito pra que tudo seja diferente e o receio se transforme em sorrisos, e se rolar uma lágrima, que seja de alegria.

É difícil entender isso?

Marcos Ortiz