Opinião: Pode não parecer, mas passou um tsunami no futebol do Guarani

Opinião: Pode não parecer, mas passou um tsunami no futebol do Guarani
Junior Rocha, Danilo Silva e Toninho Cecílio em entrevista coletiva. Foto: Raphael Silvestre/Guarani FC.

Desde o final da semana passada com o anúncio da saída do técnico Claudinei Oliveira, a movimentação foi muito intensa na estrutura do futebol profissional do Bugre. Se todos aguardavam a substituição do treinador, o que aconteceu foi muito mais do que isso!

A movimentação começou na segunda-feira com o anúncio do novo Auxiliar Técnico Fixo (42). Marcelo Cordeiro assumiu e comandou os primeiros treinamentos da semana no Bugre, na quarta-feira à noite o Guarani FC comunicou que o experiente Toninho Cecílio (56) é o novo Executivo de Futebol, e na quinta-feira o novo Treinador foi anunciado: Junior Rocha (43).

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Pra quem está acostumado a analisar apenas os nomes, há muito a questionar. As opiniões são diversas, e não vou me atentar a este ponto, quero falar de estrutura e planejamento, ou falta dele, como queiram.

Passou um verdadeiro tsunami pelo Guarani! Senão vejamos: Nos últimos anos a maioria dos treinadores que passou pelo Brinco foi da chamada “nova geração”, técnicos com perfil jovem, com conceitos táticos claros e que em algum momento se destacaram em suas equipes, mas que ainda eram apostas, casos de Thiago Carpini (2019/20), Ricardo Catalá (2020), Felipe Conceição (2020/21), Allan Aal (2021), Daniel Paulista (2021/22), Mozart Santos (2022/23) e Umberto Louzer (2023/24).

O Guarani só mudou o perfil duas vezes desde então, a primeira com Marcelo Chamusca (tinha 55 anos) que ficou no clube por apenas 6 partidas na Série B de 2022, e com Claudinei Oliveira (56), que comandou a equipe por 7 partidas. Ambos tiveram aproveitamentos ruins, Chamusca teve 1 vitoria, 2 empates e 3 derrotas, somando 5 pontos em 18, enquanto Claudinei Oliveira teve 1 vitória, 3 derrotas e 3 empates, somando 6 pontos em 21 disputados.

A chegada de Junior Rocha sinaliza uma volta ao perfil.

Mas o verdadeiro turbilhão aconteceu com o anúncio de Toninho Cecílio. Ex zagueiro, ex treinador, ex diretor e agora executivo de futebol, seu perfil é completamente diferente de todos os que já ocuparam o cargo no Guarani FC. Além da idade e experiência maiores, o perfil conhecido de Toninho Cecílio é de linha dura, muita cobrança e indignação por resultados não conquistados.

Esse perfil mostra claramente que o comando do Guarani buscou um grande escudo. Muito criticados pela falta de conhecimento de futebol e por vários temas nos bastidores, o mais recente uma discussão entre o capitão do time, Diogo Mateus, e jornalistas, após o final da partida contra a Chapecoense, a chegada de Toninho Cecílio mostra que o caminho escolhido é uma verdadeira “terceirização” no comando dos vestiários.

O experiente executivo de futebol em sua entrevista coletiva deixou claro que sua missão é comandar o vestiário em todos os detalhes, e que, a partir de agora, as decisões passam pela sua mesa.

Se der certo, Toninho Cecílio pode ser responsável por uma verdadeira transformação no departamento, enquanto Danilo Silva, jovem, com forte identificação com o clube, será um representante do Conselho de Administração, fazendo a ligação entre diretoria e departamento. É uma proposta interessante, mas que precisa basicamente de uma coisa pra funcionar:

Interferência zero! Terá Toninho Cecílio, de fato, a carta branca para tomar as decisões que são necessárias? Se tiver, pode ser o que faltava no Brinco há muito tempo, se não tiver, será só mais um a passar pelo clube sem sucesso.

Fato é que algo precisava ser feito, e urgente! Muito mais do que resultados ruins, o Guarani tem uma série de fatores recentes que ficaram sem explicação, entre eles a queda de rendimento da equipe na reta final do Brasileiro de 2023, a queda de rendimento técnico após 3 boas partidas no início do Paulista e a insistência com escalações que passaram longe de agradar ao Torcedor Bugrino.

Além disso tudo, o que precisa imediatamente acabar é o clima de nós contra eles que hoje impera nos vestiários. É preciso reconhecer que o futebol do clube existe para dar satisfação, alegria e esperança ao Torcedor, e não para convicções, ironias e falta de educação como a praticada, por exemplo, pelo capitão do time, após a última rodada. O departamento de futebol do Guarani FC e o comando do clube precisam finalmente entender que o Torcedor é a peça mais importante nesta engrenagem, afinal, sem a satisfação do Torcedor, e a satisfação ao Torcedor, pra que serve o futebol Bugrino?

O tempo dirá, pra mim fica o recado: O Guarani precisa mudar, e acenou com a possibilidade de mudança. Tomara que dê certo e que haja tempo pra colher resultados.

E nós? Ah, nós, como sempre, só podemos torcer…

Marcos Ortiz