Campeonato Paulista de 2012 – A Lavada de alma da Torcida Bugrina

O time estreou em casa contra o Oeste de Itápolis e venceu por 2×1, quem marcou foram os dois ídolos da Torcida, o meia Fumagalli que voltava ao Guarani depois de uma grande passagem no início dos anos 2000, e o atacante Fabinho, remanescente dos anos de 2009, 2010 e 2011. A equipe que disputou esta partida teve: Emerson; Oziel (Bruno Peres), Ewerton Páscoa, André Leone e Bruno Recife; Wellington Monteiro, Vítor Rossini (Bruno Mendes), Danilo Sacramento e Fumagalli; Fabinho e Ronaldo (Eduardo). Técnico: Oswaldo Alvarez.

Na segunda rodada veio um susto, o Bugre jogou mal e perdeu para o Mogi Mirim fora de casa causando grandes protestos na Torcida presente ao estádio, mas foi apenas um susto, depois disso o Bugre novamente comandado por Vadão e Gersinho repetia o mesmo sucesso no início da campanha que houvera feito em 2009 e seguia uma série invicta impressionante de sete jogos. Nas nove primeiras rodadas o Guarani colecionou 07 vitórias (Oeste 2×1, Ituano 2×0, São Caetano 1×0, Portuguesa 1×0, Paulista 2×1, Comercial 2×0 e XV de Piracicaba 2×0), um empate (1×1 com o São Paulo no Morumbi) e a única derrota foi esta já citada por 3×1 para o Mogi Mirim.

Enredo muito parecido ao de 2009 também aconteceu na sequência, foram quatro jogos sem vitória seguidos, acumulando três derrotas (Guaratingueta 2×1, Santos 2×0 e Bragantino 1×0) e um empate contra o Corinthians por 1×1 no Pacaembú que fizeram o Bugre despencar da segunda posição ao final da nona rodada para a sétima colocação ao final da 13ª. Somados à derrota sofrida para o Brasiliense pela Copa do Brasil por 2×0, quando jogou com seu time reserva, chegaríamos a cinco jogos seguidos sem vencer, deixando a Torcida apreensiva.

Mas foi também na copa do Brasil que a vitória voltou a sorrir, e o Bugre começava a mostrar que tinha time para reagir. Precisando vencer por três gols de diferença, o time comandado por Vadão recebeu o Brasiliense no Brinco uma semana depois. Resultado: Guarani 3×0 Brasiliense, gols de Neto, Fumagalli e Bruno Mendes, que começava a despontar para o mundo do futebol neste dia.

Vaga assegurada para enfrentar o Botafogo-RJ na segunda fase em um confronto equilibrado, mas que, depois de perder em casa por 2×1, o Bugre conseguiria um empate por 0x0 no Engenhão e deixava a Copa do Brasil ao final da segunda fase.

Voltando ao Paulistão, contando com o empate por 1×1 com o Corinthians, o Bugre viveu mais uma série, agora de seis jogos invictos com quatro vitórias (Mirassol 2×0, Linense 2×1, Catanduvense 2×1 e Palmeiras 3×1) e dois empates (Corinthians 1×1 e um empate com sabor de vitória por 1×1 no Derbi disputado fora de casa com o gol de Fumagalli cobrando uma penalidade sofrida pelo atacante Ronaldo nos minutos finais da partida).

Pronto, o Guarani estava classificado para as oitavas de final, restava apenas definir a posição na última rodada, quando num verdadeiro inferno montado no estádio Santa Cruz o time foi a Ribeirão Preto e perdeu para o Botafogo por 2×1. Com este resultado o Guarani encerrou a primeira fase na quarta colocação, suficiente para enfrentar o Palmeiras, quinto colocado, com o único jogo sendo marcado para o Brinco de Ouro da Princesa.

E que jogo foi Guarani x Palmeiras! Com direito a gol olímpico marcado por Fumagalli, o Bugre atropelou o adversário, venceu por 3×2. Os outros dois gols foram marcados pelo atacante Fabinho que teve uma atuação monstruosa e assim, com esta escalação, cegou a hora de enfrentar mais um Derbi, o maior da história, na semifinal do Paulistão: Emerson; Oziel, Domingos, Neto e Bruno Recife; Wilian Favoni (Ewerton Páscoa), Fábio Bahia, Danilo Sacramento e Fumagalli; Fabinho e Bruno Mendes (Bruno Peres). O Brinco de Ouro, debaixo de muita chuva, com direito a mosaico feito pela Torcida no tobogã, explodia em uma festa inesquecível.

Havia chegado a hora da verdadeira final do Campeonato Paulista, o Bugre faria no Brinco de Ouro da Princesa o Maior Derbi da História, aquele que ficaria consagrado como “O DERBI DO SÉGULO”, no dia 29 de abril de 2011.

Por ser um derbi já merecia uma grande festa, mas o enredo da partida parecia escrito por um roteirista de Holywood. O Bugre iniciou a partida também debaixo de muita chuva e ainda no primeiro tempo perderia uma de suas maiores esperanças quando aos 29 minutos Fumagalli que vinha atuando boa parte da competição com infiltrações e uma lesão no tornozelo teve que deixar o campo. Mesmo com o tendão rompido ele ainda tentou voltar, mas não dava mais, em seu lugar entraria um tal de Luiz Carlos Medina, lateral-direito de posição, mas que também atuava pela meia, era a estrela de Vadão começando a brilhar.

E assim, sem Fumagalli, a Torcida Bugrina viu sua apreensão aumentar quando o adversário abriu o placar aos 39 minutos de jogo. Pronto, fomos para o intervalo perdendo por 1×0, sem o principal jogador em campo e neste momento surge “O CARA” do derbi. Ele não marcou nenhum dos gols, participou de todos, mas foi no vestiário que Fabinho começou a decidir a partida.
Diante de companheiros visivelmente abatidos, sentindo o resultado, foi dele a frase: “Quem quiser ganhar esse jogo sobe a escada comigo agora, quem não quiser pode ficar aqui mesmo no vestiário”, e o time subiu, literalmente com outra cara.

Logo aos 08 minutos Fábio Bahia, aproveitando cruzamento vindo da esquerda acertou um chute rasteiro no canto esquerdo e empatou a partida. O Brinco explodiu, mas o melhor ainda viria. Aos 23 minutos Medina marcou o segundo e o Brinco de Ouro mostrou que suas arquibancadas têm vida, mas aos 40 minutos, quando a torcida adversária já deixava o estádio sentindo que a freguesia seria mantida, o Brinco por pouco não veio abaixo, ele de novo, MEDINA marcou o terceiro gol Bugrino e de virada, a Torcida Bugrina já não sabia mais como comemorar, entrava em êxtase, um transe jamais vivenciado.

O Bugre estava na final do Paulistão, a Torcida era uma festa só e o time que venceu o derbi no “MEDINA’S DAY” teve a seguinte escalação: Emerson; Oziel, Domingos, Neto e Bruno Recife; Ewerton Páscoa, Fábio Bahia, Danilo Sacramento e Fumagalli (Medina); Fabinho e Bruno Mendes (Bruno Peres). Técnico: Oswaldo Alvarez.

Restava ainda a decisão da competição e mais um momento daqueles para a série inesquecível, mas antes uma notícia muito dolorida para toda a Torcida Bugrina, envolvido em circunstâncias até hoje não muito esclarecidas e que jamais serão, depois de uma reunião na Federação Paulista de Futebol (que naquele dia passei a chamar de Federação Paulistana e Santista de Futebol, pois só defende os interesses dos quatro queridos chamados grandes de São Paulo), o presidente Marco Polo Del Nero anunciou que, “em nome do conforto da torcida (santista, claro)”, as duas partidas aconteceriam no estádio do Morumbi.
Assim, o Brinco de Ouro, palco de três partidas finais de Campeonatos Brasileiros, palco de mais de 15 jogos de Libertadores da América, palco de amistoso da Seleção Brasileira, palco de final de Campeonato Paulista, naquele momento foi considerado um estádio sem condições de conforto para receber uma final de Paulistão, claro, ficava longe de Santos.

Durante a semana a Torcida Bugrina lotava as filas das bilheterias do Brinco em busca de ingressos para o jogo, nos bastidores um acordo com uma empresa de ônibus (A Rápido Luxo) garantia 100 veículos à disposição da Torcida gratuitamente, isso claro, somado ao incontável número de torcedores que decidiram ir em vans e veículos particulares. O número nunca será oficialmente conhecido, afinal, a FPSF fez questão de não desmembrar os setores de arquibancada do Morumbi no público total, mas estima-se que mais de 20 mil Bugrinos superlotaram o espaço de torcida visitante destinado ao time mandante da primeira partida decisiva, uma vergonha né Federação?

Dentro de campo o time até conseguiu equilibrar o duelo, mas não aguentou a pressão e superioridade santista. Sofreu o primeiro gol aos 42 minutos do primeiro tempo, o segundo aos 20 minutos e aos 46 minutos acabou sofrendo o terceiro gol que praticamente acabou com a expectativa do título inédito de Campeão Paulista.

No segundo jogo, diante daquele que era reconhecido como o melhor time do Brasil naquela temporada, quase sem chances de reverter o marcador o Bugre foi bravo e encarou o Santos de igual para igual, perdeu várias oportunidades de gol, sofreu um gol logo no primeiro minuto de jogo, buscou o empate cm Fabinho aos 04 minutos, até que aos 08 minutos o árbitro Paulo Cesar de Oliveira tratou de deixar claro que não permitiria qualquer tipo de reação Bugrina ao marcar uma penalidade absurda a favor do Santos, com isso o placar foi para 2×1 aos 08 minutos e bravamente aos 16 minutos Bruno Mendes voltou a empatar a partida, mas na segunda etapa, já sabendo que dificilmente conseguiria marcar um placar de vitória por três gols de diferença, sofreu o terceiro gol aos 26 minutos e o quarto gol no apagar das luzes, aos 46 minutos.

Tristeza? Nada disso, era festa o que se via no lado Bugrino da arquibancada, quando o time recebeu suas medalhas e apresentou o troféu de vice campeão Paulista de 2012.

As duas equipes da partida final:

SANTOS: Rafael; Henrique, Edu Dracena, Durval e Juan (Léo); Arouca, Ibson, Elano (Felipe Anderson) e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Alan Kardec. Técnico: Muricy Ramalho.
GUARANI: Emerson; Bruno Peres, Domingos, André Leone e Bruno Recife; Ewerton Páscoa (Thiaguinho), Fábio Bahia, Danilo Sacramento e Medina (Max Pardalzinho); Fabinho e Bruno Mendes (Ronaldo). Técnico: Oswaldo Alvarez.