Superintendente (Executivo) de Futebol: Ele existe? Onde vive? Como se alimenta? É necessário?

Superintendente (Executivo) de Futebol: Ele existe? Onde vive? Como se alimenta? É necessário?
Foto: Raphael Silvestre/Guarani FC

A manchete parece sensacionalista, e de fato, concordo que é! Na temporada 2022 o Guarani FC demitiu Michel Alves, contratado em novembro de 2019, que permaneceu no clube por 2 anos e meio exercendo a função que é estatutariamente obrigatória. A demissão aconteceu no mesmo momento em que o clube anunciava a demissão do recém contratado treinador Marcelo Chamusca, durante o Brasileiro Série B 2022.

Após a saída de Michel Alves o clube anunciou o retorno de Rodrigo Pastana, executivo que havia trabalhado no Bugre durante a disputa da Série C de 2016, quando o futebol foi entregue às mãos do Grupo Magnum. Pastana chegou com a missão de evitar um rebaixamento para a Série C em 2022, com ele chegou o técnico Mozart Santos e algumas contratações, as principais delas: O atacante Yuri, o lateral esquerdo Jamerson e o volante Richard Rios.

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Missão cumprida, Pastana permaneceu no clube por nove meses, acompanhou e participou do desligamento de Mozart, a posterior contratação de Bruno Pivetti, sua saída e a contratação de Umberto Louzer, que apesar de ser anunciada após sua saída, sabemos que começou em uma reunião entre ele e o treinador, ocorrida no brinco de Ouro da Princesa, no seu último dia de trabalho.

Antes ele viu os atletas destacados acima serem negociados, Yuri pouco após o final da Série B (22), Jamerson e Richard Rios ao final do Paulista (23). Iniciou os trabalhos do clube para a disputa da Série B de 2024 apresentando aos sócios e conselheiros do clube o seguinte planejamento: Terminar as primeiras rodadas antes da data FIFA entre os 8 primeiros colocados, usar o período de paralisação para reforçar e qualificar o elenco, e brigar pelo acesso.

Rodrigo Pastana foi desligado no dia 05 de junho, após a 10ª rodada, quando o Bugre perdeu para o CRB por 1×0 no Brinco de Ouro, deixando a equipe na 11ª colocação, dias antes da parada para as datas FIFA, e declarou em entrevista à Radio Brasil de Campinas: “Dirigente que demite quem contrata jogadores às vésperas da abertura da janela de transferências, é burro“.

Poucos dias depois o Guarani anunciou a chegada de Lucas Drubscky. Jovem de 32 anos, Drubscky vinha de um último trabalho à frente do Coritiba, equipe que estava numa luta direta contra o rebaixamento na Série A (acabou confirmada), e uma semana depois da sua chegada ao Guarani foi duramente criticado pelo então treinador da equipe paranaense, Antonio Carlos Zago pela montagem do elenco.

Permaneceu no Guarani até o final do Brasileiro Série B-23, quando pediu demissão para assumir o comando do futebol do Ceará. Menos de uma semana depois, o executivo que garantia que o Guarani lutaria pelo acesso com todas as suas forças, declarou, em entrevista coletiva concedida em Fortaleza que “o planejamento feito pelo Guarani era apenas para a permanência na Série B” e que as possibilidades de acesso do clube eram “NULAS”.

Drubscky trouce como contratações, entre outros, o goleiro Douglas Borges, o lateral esquerdo Caique, o meia atacante Robinho, o zagueiro Lucas Adell, o meia atacante Gustavo França e os atacantes Iago Teles e Pablo Thomaz.

Poucos dias após a saída de Drubscky o Bugre anunciou Juliano Camargo como substituto. Com a missão de reformular o elenco e a “obrigação” de se classificar para as quartas de final do Campeonato Paulista, Camargo teve uma passagem rápida. Anunciado em Dezembro/23, ele foi demitido em fevereiro, foram menos de 3 meses de trabalho, suficiente para contratar 13 jogadores: O goleiro Vladimir, o lateral Heitor, o lateral esquerdo Hélder, os zagueiros Marcio Silva, Pedro Henrique, Rayan e Léo Santos, os volantes Camacho e Anderson Leite, o meia Chay, os atacantes Gabriel Santos, Marlon e Reinaldo.

Imediatamente após a saída de Juliano Camargo, o Bugre anunciou, em comunicado, que o ex zagueiro Danilo Silva, então com cargo de Diretor Técnico de Futebol Profissional, assumiria a função de Superintendente de Futebol, mas estranhamente o próprio presidente do Conselho de Administração André Marconatto, em entrevista concedida à Rádio central no dia 23 de fevereiro, uma sexta feira, anunciou que o novo Superintendente seria anunciado na segunda feira seguinte (26).

De lá pra cá soubemos que o clube negociou e recebeu negativas de Rodrigo Pastana e Michel Alves, o primeiro decidiu continuar trabalhando no São Carlense, o segundo anunciou em nota divulgada pelo clube que permanecerá no Novorizontino.

As perguntas que ficam são:

O Guarani precisa contratar um Superintendente de Futebol? Se a missão deste profissional for apenas a de cumprir o orçamento apresentado pelo Conselho de Administração, fato constatado desde a saída de Rodrigo Pastana, o clube realmente precisa de um Superintendente de Futebol?

Qual é a real autonomia deste profissional no Guarani? Ele pode definir o perfil dos atletas que chegarão, fazer propostas, negociar salários, ou apenas pode atuar dentro da alçada orçamentária determinada pelo Conselho de Administração?

O CEO do Guarani FC, Ricardo Moisés, foi de fato afastado das decisões do Departamento de Futebol Bugrino?

Se a resposta para estas três perguntas for NÃO, o Guarani FC não precisa contratar um Superintendente de Futebol, pois ao contrário do que sugere o cargo, quem comanda o futebol do Guarani FC é o orçamento, e não a capacidade de contratação ou negociação de um profissional. Se a resposta para duas destas três perguntas for NÃO, o Guarani também não precisa contratar um Superintendente de Futebol, , e se a resposta apenas para uma dessas três perguntas for NÃO (qualquer que seja a pergunta), o Guarani continua não precisando contratar um Superintendente de Futebol, pois quem comanda o futebol do Guarani continuará sendo o Orçamento e as limitações impostas por ele…

Ninguém fará milagre no Guarani, a não ser uma troca de mentalidade nos rumos do seu futebol, que passa pela definição de contratações relevantes, ainda que em menor quantidade, pelo planejamento do elenco por posições e pelo imediato aproveitamento de jogadores formados nas categorias de base do clube.

O Guarani não precisa de um Superintendente para contratar 10 jogadores de qualidade ruim, precisa de alguém que consiga ensinar as pessoas que comandam o Guarani a contratarem 5 ou 6 jogadores de maior investimento e menor risco de erro, mesclar com um elenco de qualidade mediana, juntar oportunidades a alguns “pratas da casa” e assim, de fato, se qualificar para o Brasileiro que vai começar.

Contratar por contratar, o CA e o CEO do Guarani FC contratam, e se for para arriscar, é melhor manter Danilo Silva na função, pois ele tem qualidade e capacidade para tal!

Marcos Ortiz