Guarani 1×0 Vasco, heróis improváveis, vilões conhecidos e adrenalina pura

Guarani 1×0 Vasco, heróis improváveis, vilões conhecidos e adrenalina pura
Pablo chuta pra marcar o gol do Bugre. Foto; Thomaz Marostegan/Guarani FC.

Carrossel de emoções? É pouco! Roleta russa de emoções parece mais apropriado pra falar da vitória do Bugre sobre o Vasco na noite da última quinta-feira (04), no Brinco de Ouro da Princesa.

Em campo um duelo que pouca gente percebeu, Daniel Paulista (por Cerqueira) x Fernando Diniz. Conceitos, decisões, comportamentos e escolhas que fariam diferença, e fizeram, de fato.

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Primeiro: Daniel Paulista e sua comissão fizeram a leitura correta do adversário. Até por conhecer o estilo de jogo do Vasco e seu treinador, na radio Web Planeta Guarani defendemos a formação com três volantes para esta partida, de certa forma, não estávamos errados, mas a decisão na hora da escalação não foi errada, longe disso.

Na própria entrevista pós jogo, Daniel Cerqueira, auxiliar de Daniel Paulista, que comandou a equipe da beira do campo neste confronto, admitiu: Foi proposital, o Guarani “baixou as linhas” pra poder apostar na velocidade, ou seja, traduzindo, deu a bola ao Vasco, e ficou com o futebol.

Deu certo! E só deu certo porque tivemos um time que não desistiu do jogo, mas vamos falar disso um pouco mais adiante… A partida de ontem teve alguns destaques, o primeiro deles, Júnior Todinho, tão criticado (por nós inclusive) e que, enquanto esteve em campo, desempenhou um papel fundamental, se movimentando pela direita, aparecendo como opção no meio, marcando saída de bola. Não fez o gol por um detalhe, e seria um golaço, deveria ser proibido defender uma bicicleta daquelas. Desse Todinho o Guarani precisa muito!

Thales na defesa, redundante elogiar, mas e na armação das jogadas? É, com as linhas baixas, o chamado chutão era inevitável, e a “armação” da maioria das jogadas partiu dele. Ponto pro xerife da zaga Bugrina, mas que deve ser evitado nas próximas partidas.

Rafael Martins, o cara do jogo! Ele não tinha tido nenhuma bola que exigisse uma grande defesa, na principal oportunidade de gol do Vasco, a bola era indefensável e acabou na trave, continuou cortando do jeito que dava, os cruzamentos pra área, mas tudo isso acaba no momento do jogo, pênalti pro Vasco. Geraldo Magela, humorista, viu que Bidú foi empurrado, e que o braço do atacante Cano empurra o braço de Bidú em direção à bola. Quem não viu? Vascaínos, algumas pessoas tendenciosas, a transmissão “oficial” da partida, e, principalmente, os árbitros, o de campo (Vuaden) e o VAR (Jean Pierre).

A defesa de Rafael Martins na cobrança da penalidade não só evitou a derrota e o fim do sonho real de acesso, ela foi o combustível pro próprio gol da vitória. Aquela emoção passada e vivida pelo goleiro Bugrino, que parecia uma criança comemorando, contagiou todo mundo em campo e, em um minuto e meio, tudo mudou! Rafael Martins é o personagem do jogo, e merece muito, muito mais do que muitos imaginam!

Entre os titulares, paro por aqui. Faltou gente, faltaram sim, descidas dos laterais, Bidú e Diogo Matheus (destaque pra entrada de Matheus Ludke, muito bem em campo), faltou, apesar de ter melhorado muito, uma boa atuação de Rodrigo Andrade, faltou Régis ser o que ele é, o protagonista, faltou até Júlio César em termos ofensivos, porque defensivamente ele foi quase perfeito. Continua faltando o Bruno Savio “Saviar”, e eu sei que eles mesmos, Régis e Sávio, estão se cobrando muito em relação a isso, conheço os dois, são perfeccionistas e obcecados pelo rendimento.

Mas num jogo desses, numa vitória dessas, esses detalhes só cabem em um parágrafo, nada mais, e ficam apenas pra constar e buscar melhorar. Vamos falar dos heróis improváveis, já falamos de um, vamos ao outro:

O relógio marcava 31 minutos do segundo tempo, restavam mais 20 minutos, contando com os tradicionais acréscimos, quando Pablo entrou em campo. Entrou acompanhado de Índio (extremamente necessário, pulsou a marcação do time no meio de campo), e Andrigo, que tem bola demais pra ser mera opção pra finais de jogo.

Quem mais poderia dar uma arrancada daquelas aos 43 minutos do segundo tempo? Quem mais sabia da importância daquele gol pro Guarani. além, do filho do Paulão Bugrino? E quem mais, além dele, comemoraria o gol da vitória ali, junto da Torcida, no novo xodó do Brinco, o símbolo no centro do gramado? Pablo é predestinado e obcecado, reconhece suas limitações, mas conhece suas virtudes como poucos. Merece ser herói, e da próxima vez, que seja um herói provável!

Foram 19 finalizações contra 07, 08 chutes a gol contra 03, é, os chamados “deuses do futebol” impediram uma imensa injustiça no Brinco, levantaram o pé esquerdo de Rafael Martins, colocaram todo seu estoque de lágrimas pra fora, e tenho certeza, o de muitos Bugrinos também.

E agora? A noite acabou, a vitória sobre o Vasco passou e o dia amanheceu. Domingo o Guarani tem o jogo mais importante do ano, vai a Goiânia, enfrentar o Vila Nova! A vitória sobre o Vasco foi fenomenal, importantíssima, mas agora é passado, o presente é Vila Nova x Guarani, e só um resultado interessa, a vitória!

Guarani Futebol Clube, esse é o ritmo, essa é a disposição, quando tudo parecer difícil, a vontade de vencer traz a vitória pra casa. Não se esqueçam disso. E agora, meu amigo Bugrino, simbóra dar um pouco de amor a esse elenco e aos profissionais que estão brigando pra colocar o Bugre na Série A de novo. Se eles vão conseguir, não sabemos, mas Torcedor não sabe, Torcedor torce, não é mesmo?

Muito obrigado, Guarani! Foi uma das minhas noites mais longas dos últimos anos, a adrenalina demorou muito a baixar, e já tá subindo de novo. Vocês foram Bugrinos, como muitos Bugrinos já se esqueceram de ser!

Marcos Ortiz